Retomando o meu último artigo, o que está subjacente ao desafio que o João Carreiras me lançou não é o resultado do jogo em termos numéricos é a preocupação, que todos os seus jogadores aprendam e se sintam à vontade para driblarem na transição da defesa para o ataque.
Está de parabéns o João Carreiras. Por razões já mencionadas noutros artigos eu conheço bem a equipa da João e sei que ele tem vários jogadores com a capacidade de levar a bola para o ataque, pelo que se a preocupação do João estivesse nos resultados numéricos do jogo e não na aprendizagem de todos os seus jogadores, bastava-lhe dizer aos que tem dificuldade em assumir a condução do drible, para abrirem espaço e irem claramente para a frente da linha da bola para não atrapalharem quem já sabe driblar.
Aqui reside uma das diferenças essenciais entre o que é ser um bom treinador de minibásquete e o que é o treinador de seniores. A principal preocupação do treinador de seniores tem de ser o resultado numérico do jogo, a principal preocupação do treinador de minibásquete tem de ser a aprendizagem. A vitória e todos querem ganhar é a consequência dessas aprendizagens. Com esta abordagem sou acusado, muitas das vezes por quem não me conhece, de não ser competitivo.
O que eu digo é:
- Se ser competitivo é estar de tal modo focado no resultado, que apenas quero tirar rendimento dos meus melhores minis, e dou instruções, como só o jogador A é que pode repor a bola em jogo, só jogador B é que recebe e leva a bola para o ataque, a função do jogador C é apenas dar um bloqueio ao melhor jogador da equipa e outras instruções deste tipo, e outras como eu infelizmente já assisti bem mais graves.
- Se, ser competitivo no minibásquete é estar mais preocupado com os árbitros do que com indicações que ajudem os jogadores a interpretar o jogo.
- Se ser competitivo é por exemplo num jogo de minibásquete de tempo corrido em que, para não haver tantas paragens, as faltas em atos de lançamento não resultam em lances livres, e estando a ganhar perto do fim por poucos, dizer aos jogadores façam falta, pois sabem que o tempo continua a correr e não há lances livres.
- Se, ser competitivo é ensinar os jogadores a mentirem e dizerem que a bola fora é deles, quando sabem perfeitamente que é do adversário.
- Se, ser competitivo é ofender os árbitros e ter prazer em humilhar os adversários.
- Se, ser competitivo é ter comportamentos antiéticos e em que, mesmo no escalão de minis, vale tudo para se ganhar um jogo.
Claramente eu digo que não sou competitivo.
- Se, ser competitivo é estar centrado nos jogadores e nas suas aprendizagens e querer que eles sejam cada vez mais competentes, melhores jogadores e melhor pessoas.
- Se, ser competitivo é corrigir atitudes de desânimo e ensinar quando se está dentro do campo se tem de dar o máximo.
- Se, ser competitivo é ensinar a superação.
- Se, ser competitivo é saber respeitar os árbitros e os adversários.
- Se ser competitivo é não fazer batota e nestes escalões em que estamos a ensinar valores é dar mais importância à verdade desportiva, do que há vitória obtida através de processos enviesados.
- Se, ser competitivo for a defesa destes valores agora mencionados.
Claramente sou competitivo e peço meças a quem quer que seja, pois marca-me de sobremaneira perder, e tento transformar a derrota num estímulo, para encontrar dentro dos valores enunciados caminhos para a vitória.
PS: Nunca gostei de generalizações. Felizmente verifico que entre os treinadores do mini de uma forma geral, observo mais atitudes que me apraz registar do que situações indesejáveis. E digo indesejáveis, pois na minha longa experiência já presenciei, mesmo na Festa de Minibásquete, felizmente poucas vezes, treinadores a terem comportamentos de bradar aos céus.