O que é que queremos com as etapas iniciais da modalidade? O que é competir nestas etapas? O que é uma competição ajustada e adequada às etapas iniciais.

Da mesma forma que defendo que os treinos para o minibásquete não devem ser um decalque dos treinos dos adultos, também penso que as competições para os mais novos não devem ser uma cópia das competições dos adultos. A razão é muito simples: um adulto é um adulto e uma criança é uma criança. As crianças não pensam da mesma maneira, não agem da mesma maneira e tem decididamente necessidades diferentes das do adulto. Já o referi outras vezes, todos queremos ganhar, é normal e humano, no entanto nas etapas iniciais não devemos ter pressa em vencer, temos que ter fundamentalmente preocupação em dar muito tempo de jogo e ensinar, e fruto do que nós ensinamos, (e não de “atalhos manhosos”), e resultante do que os jovens aprendem, é óbvio, ficarmos satisfeitos com a alegria das crianças, quando elas ganham um jogo ou um torneio.

Para o crescimento do basquetebol o que é que é primordial nos escalões iniciais da formação?
- Títulos e ganhar jogos?
- Fidelizar o maior número e crianças aos hábitos da prática desportiva?
- Desenvolver as suas capacidades?
A resposta a estas perguntas condiciona, e de que maneira, a organização desportiva das actividades neste escalão e consequentemente o trabalho nos clubes. A proposta prática que relatarei destina-se ao escalão de Sub-13 e leva em consideração a realidade do basquetebol no nosso país. Não é seguramente uma cópia cega e descontextualizada de outros países com possibilidades e realidades completamente diferentes das nossas. Esta proposta tem por base um conjunto de reflexões, conhecimento de diferentes soluções de muitos países europeus e uma experiência realizada em 1998 e 2000, quando exerci as funções de Director Técnico da AB Lisboa. A proposta que faço para o escalão de Sub-13 é a seguinte:

Objectivo:
Proporcionar aos jovens praticantes muitos jogos com sucessivos torneios competitivos e com classificação, que possibilitem a todos os clubes e não apenas aos mais fortes, uma permanente aferição da sua evolução, e não a procura de um campeão.

Inscrição e campos
Os clubes ao inscreverem-se sabem que têm de ceder o seu pavilhão para jornadas concentradas de dois jogos onde jogarão as quatro equipas da mesma série.

Organização das séries
Primeira fase: As séries devem ser preferencialmente de 4 equipas e não serão organizadas por sorteios, mas por decisão das áreas técnicas das Associações, depois de ouvidos os interesses dos treinadores dos clubes, e sempre na procura, primeiro de equilíbrios competitivos e depois de distâncias entre os clubes para minimizar custos. 
Nas fases subsequentes poderão inscrever-se clubes que não entraram na primeira fase e serão reorganizadas novas séries obedecendo aos princípios anteriormente enunciados. Não haverá um modelo competitivo para encontrar um campeão, haverá sim ao longo de toda a época sucessivos torneios de 4 equipas, que se desenrolarão ao longo da época com vencedores das diversas séries existentes, para todas as equipas interessadas.

Masculinos e femininos
Deve haver um torneio para masculinos e um torneio para femininos. No entanto pode haver equipas mistas, mas nesse caso participam, nem que joguem só com um rapaz, no torneio masculino.
E se houver uma equipa exclusivamente feminina, que seja efectivamente muito forte e cujo treinador, tendo a noção que iria vencer todos os jogos com facilidade, preferisse em função do desenvolvimento das suas jogadoras participar numa das séries destinada a masculinos, seria de autorizar?
Não vou responder a esta pergunta porque penso que quem me conhece saberá a minha resposta.

Por hoje fico-me por aqui para a semana que vem, abordarei alterações às regras do jogo que penso também serem no mínimo motivo de reflexão para quem está preocupado na progressão dos seus jogadores e não nas “campeonites” exacerbadas tão ao gosto de alguns adultos.