A brincadeira e a falta de "rua"
 
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A brincadeira e a falta de "rua"

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A brincadeira e a falta de Quem nunca teve novos atletas no minibasquete que não sabiam correr, saltar, bater palmas? Imagino que seja uma realidade de todos os clubes.

Para escrever sobre este artigo baseio-me em grande parte na conversa que tive com a Paula Seabra (#07 - Paula Seabra (Parte I) – SerMinibasquete).

Antes demais é preciso perceber os porquês deste acontecimento. A conclusão de que eu chego é que as brincadeiras das crianças mudaram, a atividade física tornou-se pouco popular. O parque foi substituído e o saltar muros, trepar arvores e atirar pedras desapareceu. Utilizando a entrevista com a treinadora Liliana Dias (#01 - Liliana Dias – SerMinibasquete), percebemos que a própria comunicação mudou, por exemplo: falando sobre o passe…há uns anos atrás diria a uma criança que é como atirar uma pedra, atualmente já diria que é como fazer pontaria num jogo de telemóvel.

Para este câmbio, acredito que dentro de todas as razões possíveis, a principal será o quotidiano híper preenchido: um horário escolar das 8 às 18.30; o centro de estudos, o conservatório de música e alguns (para o nosso bem) com atividade desportiva. Dentro disto não existe tempo para respirar, quanto mais ter algum tipo de atividade motora. Não existe tempo para atividades espontâneas, onde a criança seja ela mesma e faça o que quiser (incluindo não fazer nada). E no pouco tempo para atividades, existe sempre alguma supervisão, seja o professor, o treinador ou o pai.

Outra razão pela qual acredito as crianças não brincarem são as próprias infraestruturas existentes na cidade. Existem poucos parques nos municípios, e além de poucos parques, estes não estão equipados para dar desafios motores às crianças ou então possui apenas um campo de futebol. Além disso, para uma grande maioria, os parques estão apenas disponíveis há distância de carro, e tal como as crianças, os adultos possuem ritmos de vida alucinantes.

Esta realidade, traz novas necessidades aos desportos coletivos, se em outros tempos, as crianças chegavam ao desporto organizado com valências motoras, agora é preciso (seguindo o último artigo que escrevi) incluir a motricidade como um dos principais objetivos do minibasquete. Nunca é bom comparar com outros tempos, as realidades são diferentes, existem coisas melhores e outras piores. Se não havia o problema da motricidade haveria outros problemas no passado. No entanto, quando as crianças chegavam aos desportos já estariam mais aptas fisicamente para aprender outras coisas.

Outra coisa que a brincadeira na rua traz são mais valias psicológicas. Estas tinham de aprender a lidar com o conflito sozinhas, sem qualquer tipo de apoio dos adultos, não havia nenhum grau de apoio. Ou então, quando existiam lutas ou os miúdos caiam ao chão tinham de se levantar e lidar com isso por elas mesmas. Atualmente, os professores e os treinadores parecem que supervisionam em excesso as discórdias das crianças, não acho que isso seja positivo.

Em suma, é preciso brincar, tempo para brincar e liberdade para brincar autonomamente. Além disso, é preciso mais atividade motora e menos atividade digital.

 

 


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