Entrevista com Fernando Rocha
 
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Entrevista com Fernando Rocha

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altO que têm em comum os seguintes locais: Polónia, Bangkok, Bolonha e Berlim? Se leu o nosso artigo publicado ontem "Qual foi o acontecimento do ano 2009? " certamente saberá a resposta.

Depois de ficarmos a saber os locais e competições, onde o árbitro Fernando Rocha marcou presença em representação do basquetebol luso, chegou a hora da entrevista que o árbitro internacional concedeu ao site Planeta Basket. 
 
Antes de se dedicar à arbitragem, esteve de alguma outra forma, ligado à modalidade? Praticou basquetebol e onde?
Antes de me dedicar à arbitragem joguei basquetebol, durante apenas um ano, no escalão de iniciados, no Clube Educação Física do Norte. Após esse ano o clube deixou de ter basquetebol e portanto deixei de jogar.
 
Porque se decidiu tornar arbitro? Quais foram os principais motivos que o levaram a tomar esta decisão?
Eu gostava de arbitrar os jogos de basquetebol na escola, nas aulas de Educação Física, quando um dia a professora me informou da existência de um curso para jovens árbitros. Achei interessante e fui fazer o respectivo curso tendo obtido aprovação. No primeiro ano apenas arbitrei mini-basquete, mas gostei muito da experiência. Na época seguinte frequentei um novo curso, a Associação de Basquetebol do Porto tinha-me feito o convite, tendo obtido novamente aprovação e passando a partir daí a arbitrar todo o tipo de jogos.
 
No decurso de uma partida, o momento da tomada de decisão é instantâneo. Alguma vez sentiu que errou, logo após ter apitado?
Claro que sim. Mas o importante é conseguir ultrapassar o mais rapidamente possível. Como costumo dizer, o importante é o que aí vem e tentar não cometer o mesmo erro.
 
Como se sente um árbitro perante uma situação de dúvida, sobre um eventual erro que tenha cometido?
Temos que saber conviver com o erro. Temos que ser fortes mentalmente e não ficar a pensar naquilo que ocorreu. Como disse, o importante é não errar mais naquilo tipo de situação. Um árbitro muito experiente disse-me uma vez: “Só conseguimos ser melhores se aprendermos com o erro”. Eu concordo plenamente com esta afirmação e tento sempre analisar os jogos realizados para ser melhor no jogo seguinte.
 
Qual foi o jogo mais difícil que apitou?
É difícil de identificar qual o jogo mais difícil que arbitrei. Direi antes que todos os jogos que decidem o campeão ou que são a eliminar têm uma carga emocional e uma tensão superior aos outros.
 
Qual foi até hoje, o momento mais feliz da sua carreira enquanto arbitro?
Felizmente tive muitos momentos de felicidade, mas o jogo da Final Four da Euroliga entre o Panathinaikos e o Olympiacos, em Berlim, deu-me um enorme prazer de arbitrar.
 
Como considera o estado actual da arbitragem de basquetebol em Portugal?
A arbitragem portuguesa está numa fase, no meu entender, muito positiva. Chegou ao fim uma geração de excelentes árbitros e está a conseguir fazer a sua substituição de uma forma serena e com qualidade. Podemos comprovar isto mesmo com as solicitações que a FIBA tem realizado aos nossos principais árbitros. Têm arbitrado finais nos diversos Campeonatos da Europa de categorias jovens, têm também sido nomeados para as principais competições da FIBA Europa e também nomeados pela FIBA Mundo (Universíadas, Jogos do Mediterrâneo, Camponatos do Mundo.
 
O que pensa da falta de árbitros em Portugal? O que fazer para mudar este cenário?
É um problema que tem vindo a agravar-se ao longo dos tempos. O problema fundamental situa-se ao nível da captação e posterior acompanhamento dos árbitros jovens. Seria muito importante existir uma estrutura técnica a nível nacional que pudesse coordenar todo o desenvolvimento da arbitragem, ou seja, existir um Director Técnico Nacional para a Arbitragem que trabalhasse com responsáveis locais e estes realizassem o acompanhamento e o apoio a nível distrital permitindo deste modo não se perder árbitros com qualidade que muitas vezes abandonam por se sentirem completamente sós e sem qualquer ajuda. Existem pessoas que estariam disponíveis para trabalhar neste projecto como são os casos do Luís Lopes, Sérgio Silva e de mim próprio, contudo, é necessário haver da parte da federação e do poder político vontade de resolver o problema. A arbitragem faz parte da modalidade como fazem os jogadores, treinadores, dirigentes, etc. e sem ela não poderá haver competição.Como vê o futuro da arbitragem nacional?Eu tenho que ser optimista, mas a base de recrutamento tem-se tornado cada vez mais escassa. Espero que este cenário se inverta o mais rapidamente possível e possamos ter uma nova geração com grande futuro. Todas as estruturas devem reflectir de forma a podermos dar passos seguros no desenvolvimento da arbitragem.
 
Brevemente serão introduzidas alterações nas regras da arbitragem que visam promover uma harmonização das regras da FIBA com as da NBA. O que pensa das alterações introduzidas?
A intenção parece-me boa e normalmente as alterações visam a melhoria da qualidade do espéctaculo. A regra do semi-círculo já é utilizada nas duas competições organizadas pela Euroliga com bons resultados. Quanto às outras, esperemos para ver.......
 
Em que medida é que o nível de um jogo de Basquetebol é influenciado pelo nível da arbitragem?
A arbitragem é sem sombra de dúvidas importante para podermos ter um jogo com fluídez e com uma maior qualidade. No entanto, penso que é mais o contrário que se passa. Nos meus primeiros anos ao mais alto nível europeu tive alguma dificuldade em acompanhar o ritmo do jogo, tudo se passava mais depressa e com uma intensidade incomparavelmente maior áquela que se joga em Portugal. E penso que não é o nivel da nossa arbitragem que faz com que a nossa competição não seja de alto nível.
 
O que é que a introdução dos 3 árbitros alterou no basquetebol mundial? E no basquetebol português?
A introdução do terceiro árbitro permitiu uma melhor cobertura do lado fraco, ou seja, dos movimentos que se produzem fora da bola (bloqueios em movimento, impedir livre movimento dos jogadores,...) e que são fundamentais no basquetebol moderno. Deste modo, os jogadores sabem que existe um maior controlo por parte dos árbitros das acções fora da bola. Além de uma maior cobertura do campo permitiu a introdução de árbitros mais jovens e que puderam mais rapidamente chegar a um nível competitivo para o qual não iriam chegar tão cedo. Quando falamos há pouco da arbitragem em Portugal, poderemos também dizer que termos 3 árbitros nas nossas principais competições é muito importante para podermos evoluir e podermos substituir os mais velhos mais rapidamente.
 
O Planeta Basket desafia-o a fazer o cinco ideal (TOP 5) da arbitragem portuguesa de todos os tempos?
Independentemente da ordem e da época em que cada um esteve, direi que António Coelho, António Pimentel, José Araújo, Pedro Jorge e Rui Valente, deixaram a sua marca na arbitragem portuguesa.
 
Quais são, para si, os três melhor árbitros na Europa, neste momento? E porquê?
Muito difícil de dizer apenas três, no entanto gosto muito do Romualdas Brazaukas, Karl Jungebrand e Luigi Lamonica. Têm um conhecimento do jogo excelente dada a sua experiência e fazem  da sua capacidade de comunicação e gestão do jogo os aspectos mais importantes. São mestres em comunicar quer com os colegas quer com todos os intervenientes no jogo.
 
Quais são as principais qualidades que um árbitro deve ter para chegar ao mais alto nível?
Existem muitos aspectos que contribuem para se poder chegar ao topo, mas para mim é imprescindível ter humildade, trabalhar muito, não desistir à primeira contrariedade e saber comunicar dentro do campo.
 
O que é que pensa do site Planeta Basket?
É um site que visito frequentemente e do qual eu gosto muito, pelo seu caractér formativo, informativo e inovador que abrange as diversas áreas da modalidade. Parabéns e continuem  a trabalhar em prol deste grande desporto que é o Basquetebol.

 

 


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