Ouvir as crianças perceber o seu entusiasmo e a importância que este evento tem para a criação do gosto pela modalidade, foi decisivo para que a Drª Isabel Carvalho se abalançasse a realizar um jamboree em Monção.
Na senda de divulgarmos quem na retaguarda se envolve na organização deste evento fomos falar com a Presidente do Monção Basket Clube.
A nossa primeira curiosidade é saber qual a sua ligação à modalidade? Será que nos pode dizer há quanto tempo dirige os destinos do clube e de onde veio o gosto pelo basquetebol?
O gosto pelo basquetebol vem de há muitos anos, desde que fui atleta da extinta Associação Desportiva e Cultural da Quinta da Oliveira, em Monção. Fui também atleta do Monção Basket pouco depois da sua fundação, provavelmente em 2002.
Na época 2007/2008, a convite do então presidente do Monção Basket Clube, Leonel Samarão, entrei para o enquadramento humano com a finalidade de apoiar os atletas e treinadores na minha área profissional, a Psicologia Desportiva. Entretanto o “bichinho” do basquetebol foi-se enraizando cada vez mais, pois tentava acompanhar o clube e as equipas em todos os momentos que me era possível. Foi assim que então, já depois de desempenhar outro cargo na direção, no 11º aniversário do clube (02/03/2011), fui eleita Presidente da Direção. Desde então, com todos os apoios que o clube tem tido ao longo dos anos, esta direção tem-se empenhado, tal como as anteriores, em levar as atividades e iniciativas do clube a bom porto. Pelo menos por enquanto, felizmente, assim tem acontecido!
Como e quando ouviu falar dos jamborees de minibásquete e o que motivou o Monção Basket a realizar este evento?
O Monção Basket Clube tem tido ao longo dos anos alguns atletas a participar em Jamborees, pelo que quando comecei por fazer parte do enquadramento humano do clube fui conhecendo melhor esta realidade. Neste aspeto, e devido talvez às experiências únicas do Jamboree, estas crianças foram para mim os melhores embaixadores do acontecimento.
A ideia da realização deste evento surgiu numa das jornadas da Tourné Distrital de Minibásquete, em dezembro de 2010, em conversa com o diretor técnico da Associação de Basquetebol de Viana do Castelo, prof. César Castro. Recordo-me que em conversa comigo e com um dos nossos treinadores, prof. Hugo Faial, o prof. César mencionou a importância da realização de um Jamboree no nosso distrito. Foi nesse preciso momento que surgiu o clique e tanto o prof. Hugo como eu fomos falando e alimentando essa ideia, que logo foi aceite pelos demais elementos do clube, bem como pela Câmara Municipal e Escola EB 2,3 de Monção, que desde logo se disponibilizaram para colaborar no que fosse necessário.
O que mais nos motivou foi a possibilidade de proporcionarmos aos nossos atletas e a outras crianças do concelho viverem a experiência fantástica que é o Jamboree e tudo o que lhe é associado: a nível de aprendizagem da modalidade, as aprendizagens sociais, o contacto com outras crianças de todo o país, tornar Monção um ponto de referência por quem cá passar, entre muitos outros motivos que tornam este evento extremamente apelativo. Muito importante será também o facto de o nosso clube e também a Associação Distrital poderem beneficiar largamente com o Jamboree, pois tal como foi já referido pelo prof. San Payo Araújo num artigo anterior do Planeta Basket, esta Associação tem merecido atenção pelos seus esforços em iniciativas de minibásquete. Além disso, desde que existe o Certificado de Escola Portuguesa de Minibasquete da Federação Portuguesa de Basquetebol, este tem-nos sido entregue e queremos continuar o trabalho nesse sentido, para que efetivamente possamos aumentar a base da pirâmide dos praticantes, ou seja, os minis.
O Planeta Basket dá grande relevo a este evento, nomeadamente através do Diário do Jamboree, tinha conhecimento desta forma de interação entre os pais e os minis?
Somente há pouco tive conhecimento desta iniciativa. Em conversa com uma mãe de um atleta do nosso clube que participou no Jamboree de Paços de Ferreira, em abril de 2011, e ultimamente em pesquisas, fui-me apercebendo do quão interessante esta interação é. Penso que possibilita aos pais acompanharem quase em tempo real o que se passa no Jamboree e perceberem a importância que este evento tem na vida dos seus filhos, seja através de comentários, fotografias, notícias. Além disso, penso que funciona também como forma de os pais poderem ser membros ativos do Jamboree, mesmo não estando presentes.
Como é que tem corrido a preparação e com que apoios tem contado para por de pé este evento?
Até agora a preparação tem corrido muito bem, pois felizmente temos bastantes apoios que nos mantém muito otimistas. Por um lado, os membros do clube (atletas, pais, dirigentes, equipa técnica), que têm ajudado a divulgar o acontecimento, a sensibilizar outras pessoas para a sua importância e a procurar apoios. Por outro lado, os nossos parceiros oficiais e cuja colaboração é mais estreita: a Câmara Municipal e a Escola EB 2,3 de Monção. Se uma é o nosso braço direito, a outra é certamente o nosso braço esquerdo. Não posso de forma alguma esquecer as instituições e estabelecimentos monçanenses que têm apoiado ou manifestaram já o seu interesse em apoiar-nos na realização do 22º Jamboree. Além disso, esperamos com algum entusiasmo a envolvência dos munícipes especialmente nas atividades que decorrerão no espaço da vila, bem como de outras coletividades da terra.
Que expectativas está este evento a levantar em Monção?
Em Monção penso que só há relativamente pouco tempo as pessoas começam a perceber o que se poderá passar nessa semana. No entanto, estou bastante ansiosa pela reação dos monçanenses em geral, que penso que será engraçada, pois este povo gosta de ver a vila em movimento e festa, especialmente quando envolve crianças, e têm por hábito interagir e colaborar. A reação mais interessante que encontro nas pessoas é quando lhes falamos nas atividades feitas na vila e principalmente na Gala, pois penso que lhes suscita alguma curiosidade o facto de ser um espetáculo protagonizado por crianças.
Mudando de assunto como está a dinâmica do basquetebol em Monção e que equipas tem o clube atualmente?
Em Monção apenas o nosso clube se dedica a esta modalidade e, felizmente, ao longo dos anos temos mantido um número constante de praticantes. Se por um lado, os atletas mais velhos vão saindo quando iniciam a sua vida académica fora da terra, por outro lado temos aumentado substancialmente o número de atletas minis, o que é muito bom. Isto exige de nós (atletas, técnicos e direção) algum esforço no sentido de cativá-los à prática do minibásquete, através de algumas iniciativas e participação noutros torneios para os quais somos convidados. Desta forma, tentamos sempre fazer aquilo que achamos melhor para dinamizar a realidade do basquetebol em Monção.
Em tempos, o Monção Basket teve durante várias épocas equipas seniores masculinas a competir na CNB2. Neste momento, o clube conta com equipas de Minis-8 a Minis-12, uma equipa de Sub-14 masculina, uma de Sub-16 masculina e outra feminina, e uma equipa de Sub-18 masculina, todas a competir atualmente em várias provas (Taça do Minho e Torneio Interassociações).
Que opinião tem sobre o Planeta Basket?
Penso que o Planeta Basket vem ao encontro da necessidade cada vez maior de nos valermos das novas tecnologias para possibilitar a chegada de informações a um público mais vasto. Neste sentido, o site torna-se uma ferramenta muito interessante. Como por vezes recebemos por email notificações de novos artigos lá publicados, tem sido com alguma frequência que visito o site, pelo que também tentarei incutir aos nossos atletas e restantes membros do clube o hábito de pesquisarem frequentemente no Planeta Basket, pois para eles poderá ser uma forma muito útil de obterem conhecimentos sobre a panorâmica geral da sua modalidade preferida. Além disso, como já referi, considero grande a importância da interação que permite em eventos como os Jamborees.
Finalizamos como habitualmente que pergunta gostaria que lhe fosse feita e qual seria a sua resposta?
Há um assunto sobre o qual em Monção muitas pessoas nos têm questionado: o porquê de apostarmos mais na formação desportiva do que em escalões seniores. Na verdade, penso que as equipas seniores têm a sua importância e dão grande visibilidade a qualquer modalidade, mas estou cada vez mais convicta do carácter fundamental da formação desportiva: formar atletas e homens, pois as crianças de hoje são os adultos do futuro. É na infância e adolescência que começamos a criar a nossa identidade, pelo que atividades sadias como o desporto serão aspetos a considerar na formação de cada um de nós, pela prática saudável, a partilha de experiências, o saber estar num grupo com regras, o “jogar em equipa”, no desporto como na vida.
Costumo usar a metáfora da construção de uma casa: por onde se começa, pela base, as fundações, ou pelo telhado? Da mesma forma que uma casa, para ser uma construção de qualidade, precisa de se começar pela base, no basquetebol penso que acontece algo muito semelhante. Para que tenhamos basquetebol sénior de maior qualidade e praticado cada vez mais por atletas de referência, é fundamental que estes comecem desde crianças, ou o mais cedo possível, a lidar com esta realidade e a retirar os benefícios da prática da modalidade.
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