Três jogos equilibrados e outro equilibrado durante três períodos. Assim foram os desafios dos quartos de final do torneio Olímpico de Londres 2012.
O primeiro jogo dos quartos de final colocou frente a frente as duas equipas europeias que vieram da fase de qualificação disputada no passado mês de Junho, Rússia e Lituânia. Os russos, vencedores do grupo B partiam como favoritos e confirmaram-no apesar dos lituanos terem oferecido boa réplica. A Lituânia apenas esteve na frente do marcador no iníco da partida, pois a partir da metade do primeiro quarto, os russos partiram para um parcial de 11-1, que se viria a revelar decisivo para o desfecho do encontro.
A Rússia manteve sempre a liderança, que chegou a ser de 14 pontos, a meio do terceiro período. Mas a reacção da Lituânia não se fez esperar e com os bases suplentes, Kaukenas e Kalnietis em destaque, reduziram a diferença para apenas 1 ponto no início do último quarto. No entanto, a Rússia nunca perdeu o comando do marcador e voltou a alargar a diferença que a partir daí se manteve entre os 6 e os 9 pontos com que o jogo acabou (83-74).
Defesa, defesa e mais defesa
Seguiu-se um dos jogos mais aguardados do dia, entre a França e a Espanha. Apesar de não deslumbrar, a Espanha voltou a bater a França, confirmando a tendência dos últimos anos.
Não foi um jogo bonito, aliás, bem pelo contrário, foi um jogo muito físico, jogado nos limites (por vezes alem dos limites) que acabou por ser ganho pela equipa que nos momentos decisivos conseguiu encontrar o caminho do cesto. A França começou melhor e esteve praticamente sempre na frente do marcador, com os postes gauleses, nomeadamente Boris Diaw e Florent Pietrus a tirarem partido da concentração defensiva espanhola em torno de Tony Parker. Na defesa, a França fazia valer o seu poder físico para incomodar os postes espanhóis que revelavam grandes dificuldades quer em receber a bola, quer em lançar ao cesto. E assim se chegou ao último período com a França a vencer por 3 (53-50).
A liderança francesa durou até cerca de 5 minutos e meio do fim, altura em que um desarme de lançamento de Pau Gasol deu origem a um rápido contra-ataque que terminou em afundanço do lado contrário por Sergio Llull. E a partir daí a Espanha não mais perdeu a liderança, apesar de nos 4 minutos seguintes nenhuma das equipas ter marcado qualquer ponto. A França anulava os postes espanhóis enquanto os espanhóis fechavam os caminhos a Tony Parker, com Sergio Llull em destaque neste particular. Com a ansiedade a aumentar de ambas as partes e a frustração a apoderar-se dos jogadores, o marcador só voltou a funcionar da linha de lance livre com Rudy Fernandez a beneficiar de uma falta conquistada na sua tabela defensiva. Na jogada seguinte, a Espanha deu um passo de gigante rumo ao triunfo com um excelente trabalho defensivo de Rudy e Pau a desarmarem sucessivamente os lançamentos de Parker e Turiaf, respectivamente. O ponto de exclamação surgiu logo a seguir com o jogo poste-poste entre os manos Gasol a funcionar finalmente. Com o jogo perdido, os franceses perderam tambem a cabeça e Batum bem poderia e deveria ter ido mais cedo para os balneários.
No final a Espanha venceu por 59-66, mas voltou a não convencer. Destaque individual na seleção espanhola para Sergio Llull, sobretudo por ter sido o grande responsável por anular a grande figura francesa, Tony Parker. Alem disso, Llull acabou por ser a solução que Sergio Scariolo encontrou para jogar na posição 1 nos últimos 5 minutos, substituindo o habitual titular Calderón, que está a atravessar uma fase de clara falta de confiança.
Crónica rivalidade sul-americana
Mais vibrante foi o duelo sul-americano entre os crónicos rivais Brasil e Argentina. O jogo começou a um ritmo elevadíssimo, com os endiabrados pistoleiros Marcelinho Huertas e Carlos Delfino a serem determinantes para a grande produtividade ofensiva no 1º período. O equilíbrio foi a nota dominante durante a primeira parte com a Argentina a chegar ao intervalo com um ligeiro ascendente (40-46). Os argentinos subiram ainda mais de rendimento no início da segunda parte, aumentando a intensidade defensiva e mantendo a produtividade no ataque e pareciam ter a partida ganha quando a 7 minutos do fim, um triplo de Ginobili os colocou a vencer por 11 pontos. Contudo, os brasileiros não baixaram os braços e com um parcial de 9-0 reduziram novamente a diferença para 2. Nos instantes finais, veio ao de cima a maior experiência do cinco argentino, com Scola, Ginobili e Delfino a selarem o triunfo alviceleste por 77-82.
Para quê defender quando se pode atacar
Para o final do dia estava marcado o encontro entre os Estados Unidos e a Austrália. Os norte-americanos ganharam como se esperava com a resistência australiana a durar praticamente três períodos. No último período e meio, os Boomers estoiraram fisicamente e viram a desvantagem no marcador crescer para números imerecidos, tendo em conta o que vinham fazendo até aí. A superioridade dos comandados de Mike Krzyzewski nunca esteve em causa, mas o espectáculo pelo qual o público londrino ansiava só apareceu no último período. A melhor fase dos EUA coincidiu com o aparecimento no jogo de Kobe Bryant, que até aí vinha realizando uma exibição pouco conseguida. Em pouco mais de 10 minutos, Kobe marcou seis triplos, sendo quatro deles consecutivos e em pouco mais de um minuto. Foi um momento de sonho que levantou dos seus lugares, todos os adeptos da modalidade que encheram a Basketball Arena de Londres.
Os EUA venceram por 119-86 mas voltaram a revelar pouca intensidade e concentração na defesa e disso tiraram partido os australianos para se manter por perto no marcador. Claro que ao tentarem acompanhar o ritmo de jogo norte-americano, acabaram por quebrar, o que aconteceria mais tarde ou mais cedo. Seja como for, e como o ataque não é problema, seria conveniente que os EUA melhorassem a sua defesa se quiserem evitar males maiores diante dos argentinos na meia final.
As meias finais estão marcadas para sexta-feira:
17h00 Espanha - Rússia
21h00 Argentina - EUA