Já em Albena (Bulgária) onde amanhã (5ª feira) arranca o Campeonato da Europa de Sub-20 Femininos, Divisão B, o seleccionador Eugénio Rodrigues correspondeu
à nossa solicitação para fazer a antevisão da prova. No momento em que estamos a escrever estas linhas, a equipa já efectuou mais dois jogos de preparação, em Varna e Albena, ante a congénere búlgara, que se saldaram por uma derrota (50-55) e uma vitória (53-45), completando-se assim o plano de jogos programados (7).
Depois da odisseia que foi a participação no Europeu do ano passado em Debrecen (Divisão A), como encaras (e qual é o estado de espírito da equipa) o regresso à Divisão B?
Encaramos o regresso com toda a normalidade pois na realidade Portugal é nesta altura um país que no feminino se coloca entre os melhores da Divisão B e os menos bons da Divisão A. Acaba por isso por ser o nosso patamar competitivo e continuar a lamentar o que passámos no ano transacto não seria por certo o melhor caminho para realizarmos o melhor trabalho possível.
O modelo competitivo, diferente do habitual (é uma poule, jogando todos contra todos) pode trazer dificuldades acrescidas para a equipa que montaste e que naturalmente tem a tua imagem de marca (muita agressividade, muita luta, dar o litro, em suma)?
É difícil nesta altura pesar todos os prós e contras deste formato competitivo. A favor joga o facto de ser agora possível ter deslizes ao longo do campeonato e recuperar do ponto de vista classificativo mas por outro lado, perdemos o factor surpresa que normalmente gozávamos contra as equipas mais fortes. Diria que neste formato, as mais fortes serão muito provavelmente as melhores classificadas ao passo que no modelo antigo isso nem sempre acontecia.
Quais são as candidatas se é que podemos assim chamar à subida de Divisão? Possuis elementos sobre as outras 8 selecções adversárias ressalvando naturalmente o caso específico da República Checa com quem nos cruzámos já este Verão por três vezes?
Não temos por esta altura nenhum dado específico sobre as adversárias que não seja o roster e as classificações em Europeus anteriores de Sub-18 e Sub-16 desta geração. As mais fortes deverão ser a República Checa, Bélgica e Roménia, mas o equilíbrio será talvez a nota mais dominante.
Como será a estratégia que pensas implementar para colmatar a lacuna biométrica existente no plantel luso? A geração 93/94 não é pródiga em jogadoras vocacionadas para jogar na área pintada, pelo que será preciso alguma imaginação e muita transpiração para conseguirmos minorar esse aspecto?
Primeiro tivemos de ir buscar algumas Sub-18 que em termos biométricos poderão dar uma ajuda mas procurando não afectar o trabalho daquela selecção. Depois, ir ainda mais longe na filosofia de jogo que já trazemos de alguns anos a esta parte, passando por buscar muito do nosso jogo às jogadoras exteriores. Paralelamente investir muito do nosso trabalho na componente defensiva de molde a esconder as nossas lacunas.
Em termos de preparação conseguiste fazer até agora 5 jogos com selecções fortes (França e Holanda, ambas da Divisão A além de mais 3 com a República Checa). Faltam ainda mais dois, estes já na Bulgária, contra a congénere anfitriã. É suficiente ou é apenas a preparação possível? Perspectivas para a selecção das quinas, é possível sonhar com a subida?
Nós realizamos 7 jogos até ao Europeu que são efectivamente um bom plano de preparação. Infelizmente os cortes orçamentais levaram a que tivéssemos de cancelar alguns estágios e com isso reduzir bastante o número de treinos. Até ao 1º jogo do Campeonato da Europa realizamos 34 treinos e nem sempre com todas as convocadas por causa dos exames e outras competições em curso. Não sendo por isso uma boa preparação, é a possível e é com isto que iremos a jogo com todas as aspirações intactas. Para quem já subiu de divisão, isto já não pode ser um sonho mas um objectivo, mesmo que no final tal se venha a constatar como impossível. Até lá, tudo é possível.