Há conceitos que não me canso de repetir, os jovens e o seu desenvolvimento e não os resultados desportivos imediatos são o que há de mais importante no processo desportivo da formação e na detecção de talentos.
Os resultados desportivos devem ser a consequência da forma como detectamos e conduzimos o processo de desenvolvimento dos jovens, nomeadamente dos mais talentosos.
Sei que seleccionar os melhores para se alcançarem resultados imediatos ou escolher os com maior potencial e saber esperar por resultados no futuro, nem sempre é, para muitos treinadores, por um conjunto de circunstâncias uma decisão linear e fácil.
Três anos de experiência da competição destinada às gerações Sub-12 para selecções distritais, permitem-nos começar a recolher informação e fazer avaliações assentes em dados concretos e não em intuições e dados casuísticos.
Para verificar se estamos a escolher os melhores de momento, ou os com maior potencial, a partir deste ano podemos começar a comparar, quem foram os jovens que estiveram em 2011 em Paços de Ferreira e quantos desses jovens representaram, este ano, ou seja dois anos mais tarde, as suas distritais de Sub-14 em Albufeira, e quantos estarão daqui a 2 anos nas selecções de Sub-16.
Como não se trata de por em causa o trabalho de ninguém, mas apenas apelar a uma reflexão sobre a forma como seleccionamos, não vou mencionar nem nomes de jovens nem de selecções, mas vou apenas relatar uma situação concreta.
Fizemos um levantamento, (entre as selecções que em função de resultados imediatos tiveram a preocupação de levar os melhores a Paços de Ferreira em 2011), de quantos desses jovens estiveram dois anos depois em Albufeira . Em Paços de Ferreira as selecções distritais envolvem 6 rapazes e 6 raparigas. Em Albufeira dois anos mais tarde, existem para a mesma geração o dobro das vagas 12 nos masculinos e 12 nos femininos. Ou seja para a mesma geração, por existirem mais vagas, deverá ser mais fácil entrar na escolha dos Sub-14 do que na selecção dos Sub-12. Aqui começa a importância da forma como observamos e detectamos os que tem maior potencial de progressão.
No entanto, apesar de existirem o dobro das vagas, os dados, de uma das Associações dizem-nos que dos 6 rapazes presentes em Paços e Ferreira em 2011, apenas 2 estiveram dois anos mais tarde em Albufeira, 4 dos melhores 2 anos antes, havendo maior nº de vagas, já não tinham lugar 2 anos mais tarde na selecção distrital. Tentar compreender estes dados, devem no mínimo fazer-nos reflectir sobre as escolhas que efectuamos e sobre a forma como seleccionamos os jovens.
Comentários
No entanto há uma resposta na qual transmito desde já a minha perspectiva. Este processo só terá valor se souber envolver todos os treinadores, os mais experientes e mais jovens.
Este é um processo para envolver e unir os treinadoes. Sei que há alguém que deve dirigir este processo, mas todos os que se ofereçam para colaborar neste processo; a sua voz deve ser ouvida
.
Este é um processo de inclusão de todos, pois acredito sinceramente que todos aprendemos com todos. Todos os olhares são bem-vindos e quem não quiser participar já não tem ética nem moral para dizer mal das escolhas, pois tendo oportunidade e espaço de o fazer, não o fez.
Termino com as palavras-chave da minha recente intervenção no Juncal: Pensar, observar, empenho e coesão.
Um abraço
Caro Humberto
Agradeço o teu comentário. Neste colocas várias pertinentes questões como:
1. A quem é atribuída esta missão?
2. Estarão as Associações em condições para dar resposta a este tipo de observação?
3. Nas mãos de quem deve estar este processo treinadores experientes versus treinadores jovens?
Ainda não acabei o tema da detecção de talentos. A resposta às tuas questões já trouxe matéria suficiente para eu continuar a expor as minhas reflexões e sugestões sobre este assunto, e esta é uma das grandes qualidades deste site, o debate de ideias.
Penso que os mais avisados estarão em condições de perceber, e dar um verdadeiro contributo, para que "estas coisas" não devam estar "nas mãos" de jovens treinadores que podem prometer muito "talento", mas que lhes falta toda uma vivência de"radiografia" de observação, só possível a quem, como o Mário Barros ou o Carlos Bio da Maia (as desculpas para os outros, e são vários, mas que sabem quem são !) têm no seu código genético um grande conhecimento de como ensinar o jogo e, òbviamente, também detectar talentos, com o teu inestimável contributo.
"O programa/planeamento exige, o treinador indica e o atleta cumpre !", é o chá "P" que o meu amigo e dr.Adelino Ribeiro me receita para ter sucesso !
"Quem porfia mata caça". Aquele abraço.
Importantíssima essa tua análise, a desafiar-nos para uma reflexão que, implicitamente, terá muito e sempre a ver com a capacidade e com a metodologia de quem tem por missão escolher os talentos.A quem é atribuida essa missão?Estará a maioria das nossas Associações Distritais em condições técnicas e materiais para dar esse tipo de resposta? A resposta,quanto a mim, não é fácil mas torna-se evidente que "não programar ou programar mal, corresponderá, inevitaesta questãovelmente , a programar o...fracasso.!".
Sobre esta questão que, pessoalmente, me apaixona e sobre a qual tenho refletido bastante, já tivemos oportunidade de "bater um papo" suficien temente longo e perfeitamente esclarecedor.Muito próximo das selecções distritais de sub-14 e sub-16, desde que se iniciou a "Festa do Basquetebol", já lá vão 7 edições, tenho também alguns dados interessantes a apresentar.
Agora um desafio para ti, meu caro: E se reunisses tb os dados de 2012 e,