Terminou um campeonato Sub-20, onde as 4 melhores equipas do país (Dragon Forçe, S.C. Vasco da Gama, S.L. Benfica e S. Algés e Dafundo) se apresentaram e lutaram fantasticamente pelo título.
Foram excelentes jogos de basquetebol, onde as equipas apresentaram diferentes argumentos, que enriqueceram o espectáculo e tornaram estes jogos muito emocionantes para quem teve a oportunidade de assistir.
Realizado num excelente pavilhão, com excelentes condições para a prática da modalidade.
Ganhou e muito bem a equipa do Dragon Forçe, aos quais dou publicamente os meus parabéns.
E agora…
Mais uma vez, saem da formação 40 jovens jogadores (no mínimo), de basquetebol de qualidade, que vão ser seniores na próxima época, e só nestas 4 equipas nas restantes a nível nacional saem pelo menos 400 jogadores todos os anos e qual o seu espaço para poderem continuar a mostrar o seu valor, para evoluir?
Não há e… desistem!
Com a excepção do Dragon Forçe e do Vasco da Gama (e mais um ou outro clube) que têm um projecto imediato de continuidade para estes jovens (assim esperamos fortemente que o seja), em diferentes níveis competitivos, de resto, praticamente não existe espaço para estes jovens nas equipas seniores.
Este é um facto que existe desde sempre e é na minha opinião um dos maiores Cancros na evolução do basquetebol em Portugal.
Ter visão no basquetebol é debater estas questões procurar encontrar uma solução para as mesmas, e neste caso a continuidade do desenvolvimento do jogador português que nunca foi consolidada.
Actualmente estes jogadores ou tem a sorte de ir para o banco das suas equipas seniores, onde tem pouco tempo de competição e lá vão ficando para treinar ou desistem.
Os jogadores do Benfica, Algés vão integrar a equipa sénior? Sim, talvez alguns e quando é que se vão afirmar na mesma? Aos 26 ou 28 anos, quando por exemplo dentro de 5 anos o Carlos Andrade deixar a modalidade ou o Betinho? E estes são normalmente posições dos portugueses, porque nas posições interiores dos estrangeiros os portugueses não se afirmam com a excepção do Elvis, do Miranda e agora pelas dificuldades financeiras, mas mesmo assim são raros.
Quero deixar claro que não estou a criticar nenhum destes magníficos clubes de formação, apenas a apresentar o maior problema da formação na minha opinião.
Lembro que existiu á uns anos um período que a formação dos jogadores se prolongava até aos 24 anos, que na minha opinião faz algum sentido e não é sem razão que nos EUA, o basquetebol universitário forma os jogadores até aos 24 anos. Mas defendo moldes competitivos diferentes, uma vez que os jogadores nestas idades necessitam de uma experiencia competitiva das equipas seniores.
Por outro lado são necessários projectos de basquetebol com continuidade, de qualidade e credíveis, que possuam uma organização sólida com provas dadas ao longo dos anos e não como temos assistido a clubes que aparecem subitamente e rapidamente eclipsam, danificando gravemente o basquetebol como foi o projecto da Liga de Clubes de Basquetebol (LCB) por exemplo.
Assim a minha sugestão, adaptada para o basquetebol português seria uma Próliga, constituída por:
- clubes que possuíssem formação em todos os escalões, com garantias de ser um clube de formação há vários anos (mais de 5 pelo menos);
- onde apenas fossem permitidos jogadores com menos de 25 anos com a excepção de apenas 2 jogadores acima dessa idade;
- sem estrangeiros.
Os moldes competitivos dependem do:
- número de equipas que pretendam competir neste patamar;
- das condições financeiras necessárias que estejam de acordo com a realidade portuguesa.
- Exemplo de competição:
- para tal se for o mesmo número de equipas das actuais 12 ou até 16, o mesmo tipo de campeonato actual,
- mais equipas (como sinceramente me parece que sejam) com 20 ou mais equipas um campeonato zona sul e zona norte, com o cruzamento entre zonas (para se conheceram outras realidades de basquetebol) terminando em play-off;
- existem outras possibilidades.
As finalistas teriam acesso por direito desportivo á Liga de clubes.
As restantes equipas que actualmente participam na Próliga, participariam na 1ª divisão, onde podem competir e divertir-se de acordo com as expectativas de cada equipa. Uma vez estas equipas já não estão a produzir praticamente jogadores para um nível de rendimento superior (com algumas excepções), estes jogadores já atingiram o seu nível máximo de rendimento e se são realmente bons já estão na Liga de Clubes.
Há que dar espaço para os jovens poderem evoluir, para que os clubes tenham cada vez mais condições para desenvolver processos de formação com cada vez mais qualidade e assim permitir o basquetebol em Portugal chegar a outro patamar.
Esta é uma opinião fundamentada em outros países que promovem, em mais de 25 anos dedicados ao basquetebol nas diferentes funções, em muitas horas de reflexão e comunicação com muitos diferentes elementos do basquetebol nacional e estrangeiro nos diversos escalões.
Espero que possa ter contribuído de alguma forma para promover uma reflexão sobre este importante assunto em prol de um melhor basquetebol para Portugal.
A todos as minhas saudações,
João Rocha
Comentários
o desporto universitario esta a começar a dar os seus passos e com ajuda da lpb pode evoluir muito!
(Video de uns campeonatos universitarios 2013 em basquetebol)
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