Este foi um ano importante porque estamos a comemorar 50 anos de minibásquete, porque foi um ano de eleições, e como tal tempo de fazer balanços.
Pela sua grande importância no desenvolvimento do basquetebol nacional, a divulgação do minibásquete tem sido uma das grandes apostas do Planeta Basket, pelo que é importante ouvir Mário Batista, presidente do CNMB.
1.Que balanço faz destes quatro anos à frente do CNMB?
Antes de responder à sua pergunta gostaria de publicamente agradecer ao Planeta Basket a grande divulgação que tem dado ao minibásquete. Quanto ao balanço que faço só pode ser muito positivo. Se há vertente do basquetebol que demonstra uma vitalidade tão grande, que os efeitos da crise não provocaram uma diminuição das atividades e dos praticantes é o minibásquete. O minibásquete é neste momento um dos grandes suportes da modalidade.
2. Em que factos e dados concretos se baseia para fazer essa afirmação?
Há dois dados, que são decisivos, para observarmos a vitalidade duma modalidade: o número de jogadores e as atividades que lhes são oferecidas para praticarem. Se por um lado, depois de vários anos a crescer houve uma certa estabilização acima dos 9.000 minis, que tem tido nestes últimos anos por escalão cerca de 1600 (Minis – 8), 3.200 (Minis – 10) e (4200 Minis-12), por outro lado as atividades, quer do Plano de Atividades da FPB, quer das Associações, quer dos clubes tem vindo sempre a aumentar o que indicia, que a estes jovens, globalmente no país, é lhes proporcionada cada vez mais possibilidades de jogarem.
3. Então quer isto dizer que a crise não se fez sentir no minibásquete?
Não é isso que eu estou a dizer. O que afirmei é que ao contrário de outros escalões, nomeadamente seniores masculinos, no minibásquete o número de praticantes não diminuiu e o número de atividades cresceu. Aliás creio que mesmo o número de praticantes cresceu. Analisar comparativamente o número de inscrições é sempre um assunto delicado, pois houve tempos, em que não só no basquetebol, mas noutras modalidades existiam inscrições “fictícias”. Atualmente podemos dizer que os números pecam por escassos, pois sabemos de fontes seguras, que pelas dificuldades que são levantadas aos pais no ato da inscrição, existe um elevado número de jovens a praticar, que não estão inscritos na Federação. Seria interessante fazer um inquérito aos clubes a solicitar a informação de quantos tem inscritos e quantos tem a praticar no seu clube.
4. Fala no aumento de atividades quer-nos dar exemplos concretos?
Será um prazer. A atual equipa do CNMB, que eu tenho o prazer e orgulho de dirigir, tomou posse a seguir às últimas eleições. Neste mandato que agora terminou introduzimos a Festa do Minibásquete que tem vindo a melhorar de ano para ano e vai para a sua 4ª edição. Para além de introduzirmos a Festa do Minibásquete em Paços de Ferreira, acolhemos no nosso plano de atividades o circuito do Ticha Penicheiro introduzimos o Dia do Minibásquete no qual nos últimos 3 anos conseguimos distribuir t´shirts por todas as Associações que organizaram a actividade e após alterarmos o programa do Memorial Mário Lemos introduzimos na última temporada um evento que revelou muito mobilizador que foi o circuito Prof. Mário Lemos. Estes são exemplos de eventos promovidos pelo CNMB, infelizmente esta dinâmica não chegou a todas as Associações, mas a maioria delas também aumentou as suas atividades para o minibásquete. Outro sinal que o minibásquete está vivo, é que pela primeira vez no historial da Festa do Minibásquete todas as Associações Continentais quiseram participar.
5. Outra afirmação que nos despertou a curiosidade é a de afirmar que o minibásquete é um dos grandes suportes da modalidade. Quer explicar?
É muito fácil! Hoje em dia, e pelos condicionalismos que são impostos aos clubes, são residuais e raríssimos os clubes em que os jovens não pagam para praticar minibásquete. Se fizermos as contas por baixo em que em média cada jovem paga 12,5 euros por mês, há clubes em que se paga muito mais, é só fazer as contas. Sem contar com os pais, que o minibásquete recruta para serem dirigentes e que transportam os seus filhos para os treinos e para os jogos o minibásquete representa um encaixe de para cima de 1 milhão de Euros. Este é um precioso contributo para a sustentabilidade ou mesmo sobrevivência dos clubes e com tal da modalidade.
6. Sabemos que esteve na Páscoa, a convite da Federação Espanhola de Basquetebol no Campeonato de Minibásquete para a Federações Autonómicas. Quer nos falar um pouco sobre o que viu e ouviu?
Sim estive em Cádis a observar o campeonato de mini, e falei com os responsáveis técnicos e directivos da FEB e muito terei para relatar, mas vou fazer um resumo: Constatei que a FEB paga todo o evento, alimentação estadia, equipamentos a todas a Federações Autonómicas, mas só a partir da sua chegada ao local do evento, como lá chegam e o seu custo é suportado por cada Federação Autonómica. O custo do evento, suportado pela FEB é de (350.000.00€ ). Em termos desportivos todas as crianças, que chegam a Cádis para representar as suas federações autonómicas, já fizeram largas dezenas de jogos de minibasquete.
Muito mais terei para dizer quer nas ações de formação que vou fazendo, quer para quem quiser saber mais do que foi esta enriquecedora experiência.
7. Agora falemos do futuro? Como vê o futuro do minibásquete?
Espero que um dos aspectos da anunciada mudança, seja o reforço estratégico do minibásquete. O futuro o dirá. O que sei é que durante este mandato o minibásquete, apesar das dificuldades, foi conquistando um espaço e um capital de influência, que é imperioso aumentar. Depois de avanços e recuos, o CNMB tem de agradecer à direção da Federação cessante o maior apoio que deu ao minibásquete nesta última época, em que pudemos retomar a entrega de bolas do projecto das Escolas Portuguesas de Minibásquete. Este foi um sinal do reconhecimento da importância do minibásquete, que muito me agradou. Depois desta experiência de 4 anos afirmo-o com toda a convicção que o minibásquete tem de ter mais espaço e influência na nova direção. É nos tempos de crise que se tem de semear, para quando vierem melhores dias a colheita ser muito mais proveitosa. Não apostar no minibásquete é um erro estratégico que não se nota no imediato, mas paga-se anos mais tarde. Mais do que nunca sem uma aposta clara no minibásquete o crescimento e desenvolvimento, e com tal o futuro da modalidade está em minha opinião comprometido.