A excelente recolha de dados do companheiro Sérgio Antunes e os bons resultados da Associação de Basquetebol de Castelo Branco na recente Festa do Basquetebol Juvenil em Albufeira
levam-me a abordar de novo o tema da selecção de talentos e da finalidade das selecções de jovens. Não é a primeira vez que abordo este tema e não será certamente a última.
Hoje centrarei mais a atenção sobre a detecção de talentos. Na próxima semana falarei sobre os bons resultados da Associação de Castelo Branco.
Mas vamos por partes e é muito bom que tenhamos a capacidade de olhar para trás e reflectirmos sobre o que vamos escrevendo. Em 5 de Novembro de 2013 num artigo intitulado “O risco dos melhores” escrevi e passo a citar:
“Para verificar se estamos a escolher os melhores de momento, ou os com maior potencial, a partir deste ano podemos começar a comparar, quem foram os jovens que estiveram em 2011 em Paços de Ferreira e quantos desses jovens representaram, este ano (2013), ou seja dois anos mais tarde, as suas distritais de Sub-14 em Albufeira, e quantos estarão daqui a 2 anos (2015) nas selecções de Sub-16.”
O desafio que lancei em 2013 foi agora respondido pelo Sérgio Antunes no seu artigo “FBJ – De Paços a Albufeira”. Sei que uma simples abordagem dos números contém riscos, como por exemplo, quando mencionamos que a AB Leiria teve este ano em Albufeira quatro raparigas que estiveram em Paços de Ferreira em 2011. Neste caso não nos podemos esquecer da situação de jovens que mudaram de clube e Associação, como o caso da Beatriz Jordão, que em 2011 estava no NDAP (AB Leiria) e agora representa o CPN (AB Porto).
Sabemos que seleccionar num universo maior tem vantagens, mas também é mais difícil do que seleccionar num universo menor. Como tal vou-me cingir, nesta comparação, a três das Associações, com mais elevado número de minis e que tem tido a preocupação de estar representadas com selecções dos seus melhores em Paços de Ferreira: Lisboa, Porto e Setúbal. Estas Associações tem obtido sempre classificações nos 3 primeiros lugares na Festa do Minibásquete. Nesta comparação não incluo Aveiro, uma das Associações com mais praticantes de minibásquete no país, porque a sua postura relativamente a Paços de Ferreira tem sido ao longo dos anos, uma postura mais de reconhecimento do trabalho dos clubes, proporcionando a estes a escolha de um elemento para ir à Festa do Minibásquete, do que uma postura de selecção dos melhores. São o conhecimento destas e o desconhecimento doutros factos e realidades, por exemplo eventuais lesões, que nos devem sempre levar a ter cuidado na análise e observação dos dados recolhidos.
Olhemos então para quem permaneceu nas seleções destas Associações desde Paços de Ferreira 2011 até Albufeira 2015.
Associação | Masculinos | Femininos | Total |
Lisboa | 1 | 4 | 5 |
Porto | 2 | 5 | 7 |
Setúbal | 4 | 2 | 6 |
Sei que não podemos comparar em termos absolutos Paços de Ferreira e Albufeira, em virtude de dois factores, um que até facilitaria a inclusão de mais praticantes que estiveram em Paços de Ferreira a terem possibilidade de estar em Albufeira, pois há uma duplicação de vagas, (em Paços são seis atletas por sexo e em Albufeira são 12), a outra porque as equipas em Paços de Ferreira são mistas, pelo que o quadro em baixo, vale o que vale, mas a título de curiosidade vamos expor as classificações alcançadas por estas Associações nos dois eventos.
Associação | Paços de Ferreira 2011 | Albufeira 2015 | |
Equipas mistas | Masculinos | Femininos | |
Lisboa | 3º Lugar | 1º Lugar | 3º Lugar |
Porto | 2º Lugar | 5º Lugar | 1º Lugar |
Setúbal | 1º Lugar | 2º Lugar | 2º Lugar |
Volto ao meu artigo de 5 de Novembro de 2013, “Os jovens e o seu desenvolvimento e não os resultados desportivos imediatos são o que há de mais importante no processo desportivo da formação e na detecção de talentos. Os resultados desportivos devem ser a consequência da forma como detectamos e conduzimos o processo de desenvolvimento dos jovens, nomeadamente dos mais talentosos”
Para finalizar agradeço ao Sérgio Antunes o trabalho realizado e deixo uma sugestão, seria importante para a nossa modalidade, existir um Gabinete de Estudos, que fizesse a recolha destes e de outros dados, que permitissem uma análise mais profunda e facilitassem e ajudassem a sustentar, decisões a tomar e rumos a seguir, como por exemplo a definição clara do que são os eventuais talentos, e na forma como os detectamos seleccionamos e acompanhamos.
O processo e estratégias de detecção dos talentos, é um processo, em que os nossos vizinhos espanhóis estão a anos-luz, não apenas de nós, mas em minha opinião, mesmo das outras potências europeias na modalidade.
Comentários
Na verdade, se não estudarmos o jogo e se, à semelhança daquilo que apelamos aos jogadores, não observarmos aquilo que o jogo pede, podemos desviar-nos do essencial, dando liberdade para que se alimentem opiniões (algumas delas válidas mas desfasadas de uma linha de pensamento, de uma ideia e de um bússola)