Que competição?
 
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Que competição?

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João LimaNos últimos tempos tenho-me confrontado com várias interrogações acerca do tipo de competição de minibasquete que temos no nosso país e se a mesma vai de acordo aos reais interesses das crianças.

A consulta de alguma bibliografia internacional de nomes como Pablo Esper di Cesare, Pedro Saénz Lopez Bunuel, Francisco Jimenez Fuentes Guerra, Jordi Ticó, Maria Isabel López, David Cardénas Vélez, só para citar alguns, todos eles referem que a competição com jovens deste escalão tem de englobar os seguintes itens:

  • Adaptadas às capacidades (físicas, psicológicas, sociais);
  • Motivante;
  • Igualdade de participação;
  • Formativa/educativa.

Sem estarem reunidas estas condições toda e qualquer competição desenhada para este escalão torna-se vazia, pois como refere Cárdenas, 2003, “a competição deve ser utilizada e desenhada como um meio ao serviço da formação e não como um fim em si mesma”.

Uma das questões que me também tem feito refletir, é a função que a competição desempenha, devendo assumir-se esta como produto ou processo da formação integral do jogador?

Na minha perspetiva, após consulta de vários estudos considero que assumir a competição como um processo e não como um produto é o mais proveitoso para as crianças, o que logo aqui nos criará alguns problemas para com os agentes que orientam essas crianças que encaram a competição como um culminar dos ensinamentos transmitidos ao longo do tempo.

Porque não nos atrevemos a pensar na competição como um momento para os nossos jogadores disfrutarem o “jogo” com outras crianças que eles porventura só as vêm durante uma vez ao longo do ano.

Porque não uma competição onde as crianças competem pelo simples desenvolvimento pessoal e de valores. Não será importante que as crianças cumpram as regras da sociedade onde se inserem permitindo-lhes uma melhor inserção na mesma.

Ou a competição do minibasquete resume-se a ganhei/perdi, ficamos em primeiro ou em último?

A criança compete, em primeiro lugar, consigo própria, e em segundo com os outros colegas, que no treino são os seus colegas de equipa. É aqui e com esta perspetiva formativa que a criança deverá encontrar na competição um momento de se comparar com outros jovens que durante o ano ou em outras situações não terá hipótese de o fazer.

Deste modo resulta importante e necessária uma orientação federativa acerca das regras a serem observadas neste escalão, não podendo as mesmas ficarem sujeitas ao livre arbítrio dos agentes de cada uma das regiões.

Alguns exemplos que poderão ser adaptados para o escalão em causa e que não são mais do que informação constante das Federações Andaluza, Catalã, Canárias e Francesa de Basquetebol, nomeadamente no que diz respeito às dimensões do campo, tempo de jogo, utilização de jogadores, linha de três pontos, sistema de pontuação, altura dos cestos.

Seria também útil um lembrete federativo (já existiu em tempos) acerca dos compromissos de jogadores, pais e treinadores deverão ter na atividade para promoverem os valores inerentes à prática desportiva.

Dada a informação disponível hoje, será de relativa facilidade encontrar formas de uniformizar os regulamentos de minibasquete a nível nacional, o que terá certamente de colocar o nosso pensamento “out of the box”, no sentido de melhoria do que existe na atualidade.

A periodicidade da mesma e a forma organizativa essa sim ficaria a cargo das associações distritais (todos contra todos, fases), partindo do princípio que a competição decorresse pelo menos durante 8/10 meses, assumindo sempre os 4 itens identificado no início deste texto.

Toda esta transformação deverá ser acompanhada para a frente da alteração dos escalões etários.

A ideia de que se tem de adaptar os jogos de minibasquete ao jogo ao escalão de sub 14, parece-me um pouco perigosa por vários motivos, sendo que uma afirmação do Pablo Esper di Cesare é muito concisa “Deixem o minibasquete manter-se como tal, e não ser basquetebol em miniatura. Ele irá transformar-se em basquetebol posteriormente.

Para mim parece me mais pertinente a reformulação dos escalões - Sub 9, 11, 13, 15, 17, 19 e Sénior, do que propriamente aproximar o minibasquete ao basquetebol.

 

Comentários 

 
+3 #6 Fartura 04-06-2015 18:39
Para finalizar, a importância da competição que implique a relação perder/ganhar é fundamental na aprendizagem das CRIANÇAS.
Não é derrotado quem perde. É derrotado quem desiste. (Bob Marley, sd)

Abraço, João.
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+3 #5 Ricardo Fartura 04-06-2015 18:37
João, meu caro colega. Essa temática há muito que é debatida por estes lados (Aveiro).
Sim, a vertente social deve ser tida em consideração no entanto, segundo o meu ponto de vista, considero não ser VERDADE ABSOLUTA, o que escreveste.
Treino uma equipa de sub12 e a meio da época, no segundo semestre escolar, constatei que a grande maioria dos meus jovens/CRIANÇAS precisavam de COMPETIÇÃO. Aquilo que fiz foi participar nos encontros QUINZENAIS de sub 12 (sem resultados) e, semanalmente, participar na competição de sub13, com os 10 atletas mais empenhados, assíduos e com mais habilidade.
Numa época em que tudo é oferecido aos miúdos, passar uma mensagem de que ter que trabalhar para atingir objetivos de acordo com princípios como a Ética, Preserverança, Empenho, Método e "Hard Work", só pode ser positivo.
Abraço, João.
Ricardo Fartura
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0 #4 Carlos Bio 04-06-2015 16:29
Os meus parabéns por este excelente trabalho apresentado, mas penso (já há muito tempo) que é a altura das pessoas que mais estejam relacionadas com as questões do Minibasquete se sentarem numa iniciativa que deverá partir da Federação e de uma vez por todas resolver um problema que todos os anos não passamos das palavras. E repito uma frase do João Ribeiro, "estou farto de isto" e acrescento estou cada vez mais a perder o interesse pela modalidade, nomeadamente o Minibasquete. Parabéns uma vez mais.Não o conheço mas envio-lhe um abraço.
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+5 #3 António Barbosa 04-06-2015 16:17
Gostei muito do artigo, e uma das coisas que me parece importante, é que tem de haver um regulamento nacional para todos os escalões, mas sobretudo uma reorganização das associações distritais se queremos impulsionar o basquetebol. As grandes associações estão bem, as pequenas lutam todos os dias pela sobrevivência e a Federação parece me a mim, só está preocupada com as fases finais e selecções. Tem de haver regionalização para depois restruturação das provas e então pensarmos em tudo o resto.
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+5 #2 João Ribeiro 04-06-2015 10:22
Caro João, os meus parabéns pelo artigo. Certamente aborrecido e puritano para os mais fervurosos competidores, este artigo traz novamente à tona, não uma inquietação mas um "estou farto disto". E porquê?
Porque qualquer dia há uma criança mais esclarecida que dirá "estou farto disto"; ou "não há meio de os adultos se entenderem, ou nos ouvirem".
Competição a sério é com as crianças (sem ensinamentos associados a expressões tais como: "cima", vai ao ressalto "badocha" ou bora lá "ganhar isto". A criança só precisa que lhe serenemos os animos, que lhes digamos em voz baixa o que fazer e que não percamos a oportunidade de elogiar. Tudo isto com entusiasmos e paixão. COMUNICAR, GOSTAR, SABER. Basta isto, o resto as crianças farão e representarão sempre a imagem de quem os dirige. Boas coisas João Lima
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+5 #1 San Payo 04-06-2015 09:34
Caro amigo

Parabéns pelo excelente artigo. Fico satisfeito em ter te incentivado a publicá-lo no Planetabasket.

Um abraço
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