Exigir o possível
 
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Exigir o possível

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San PayoNão tenho em mim todos os sonhos do mundo, mas sou frequentemente apelidado de ser um sonhador, facto que não me incomoda absolutamente nada. Assumo que fui marcado por uma geração de muitos sonhos.

Desde o “I had a dream de Martin Luther King”, “Eles não sabem que o sonho é uma constante da vida” de António Gedeão, “You may say that I´m a dreamer, but I´m not the only one do Imagine de John Lennon”, muitos sonhos interiorizei na minha adolescência e juventude.


Tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Fernando Pessoa


Se calhar este é mais um sonho, mas hoje não vou “Exigir o impossível” de Herbert Marcuse, hoje vou limitar-me a sonhar que é possível exigir o possível. Será possível fazer quadros competitivos mais nivelados, em que o absurdo de resultados com diferenças às vezes superiores a cem pontos tão exaltados por alguns adultos nas redes sociais, como sendo grandes proezas, não levando em consideração, que na maioria dos casos estão em confronto crianças que estão a dar os primeiros passos na modalidade, com jovens que já tem três e quatro anos de prática?

Realçar essa dita proeza é tão ridículo, como por em competição, mesmo tendo a mesma idade, quem já nada os quatros estilos, com quem está aprender a nadar, e no final elogiar o facto de ter ganho por mais do que uma piscina de avanço.

Para além das sugestões apresentadas nos meus últimos artigos, sobre como podemos actuar quando os jogos são muito desequilibrados, penso que os problemas dos jogos desnivelados poderiam ser minimizados, se os adultos verdadeiramente estivessem preocupados com a evolução dos praticantes e não centrados nos resultados numéricos do jogo.

Este é um problema que não existe apenas em Portugal, motivo pelo qual sempre que posso empenho-me em saber como outros países tentam resolver esta situação. A solução mais original que ouvi e que despertou a minha atenção foi a me transmitiu o finlandês Juko Vuole, que foi membro da extinta Fiba – Minibasketball e que também já fez parte da Comissão de Juventude da Fiba – Europa.

A título de curiosidade a Finlândia tem sensivelmente metade da população portuguesa 5 milhões e 300 mil habitantes, é como Portugal um país periférico, sobre o comprido, mas com área muito superior à do nosso país o que leva a que seja dos países de menor densidade populacional da Europa, está dividido em 338 municípios e tem como em Portugal áreas que tem uma densidade populacional muito diferenciadas. Contudo a Finlândia apesar de ter apenas metade da população portuguesa, é uma presença assídua nas fases finais dos Campeonatos da Europa e do Mundo de Basquetebol de Seniores Masculinos, historicamente já com alguns resultados assinaláveis.

Segundo informação de Juko Vuole a Finlândia resolve os problemas das competições de jovens desniveladas da seguinte maneira:  Na Finlândia tem para os diversos escalões vários níveis de competição. Por exemplo para o escalão de Sub-16 masculinos tem três níveis de competição. Na primeira fase da competição são os treinadores que fazendo uma avaliação da sua equipa dizem em que nível querem jogar, no primeiro, segundo ou terceiro nível. Ao tomarem a essa decisão, os treinadores já estão de certa forma a serem avaliados, sobre se tem ou não noção do valor da sua equipa. Após a realização desta fase, em que as equipas foram agrupadas pela opção dos seus treinadores, existe uma comissão de treinadores que vai avaliar os resultados desta primeira fase, para depois agruparem as equipas pelos  diferentes níveis, que fique claro não se tratam de apuramentos com subidas e descidas de níveis. Assim sendo apenas na primeira fase e por erro de avaliação dos treinadores, e não pelo sistema de competição, é que poderão existir jogos muito desequilibrados.

Não estou a concluir que esta é a razão pela qual a Finlândia está regularmente nas fases finais de mundiais e europeus, mas que esta é uma solução que está nas mãos dos adultos, para minimizar a possibilidade de existirem jogos desequilibrados, não tenho grandes dúvidas, assim como não tenho dúvidas que ao ler este artigo, já há gente que em vez de se estar a centrar na solução já está a pensar nos problemas e nas dificuldades de implementação deste sistema. A natureza humana é mesmo assim…

Há quem goste de pensar nas soluções e outros que gostam de se centrar nas dificuldades.

 

Comentários 

 
+2 #2 Pedro Martins 26-01-2016 21:20
A ABP, mudou os quadros competitivos dos sub14, criando uma fase inicial para apurar as 3 series que disputarão o acesso á final6 distrital.
O resultado tem sido excelente, e ao contrario dos outros anos em que as series eram definidas pelo ranking do ano anterior e por via disso, havia resultados muito desnivelados (embora alguns treinadores sabendo das limitações das susas equipas preferiam desistir e depois inscrever a equipa na serie mais fraca), este ano na serie dos melhores 6, e a faltar apenas uma jornada,só um ou dois jogos é que acabaram com uma diferença superior a 10 pontos. Vários jogos foram ganhos por um ponto, e vários jogos foram a prolongamento.
Parabéns á ABP.
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+2 #1 Humberto Gomes 26-01-2016 21:08
Meu caro San Payo,
Se alguns dos teus sonhos, nomeadamente este sobre os jogos desequilibrados , pudessem ter como resultante uma solução semelhante ao exemplo da Finlândia, então, eles(os sonhos) comandariam a vida (a melhoria do nível do jogo) !
Ultimamente tenho andado a documentar-me sobre a realidade basquetebolísti ca da Lituânia, que tem a "assombrosa" população de 3 milhões de habitantes..., com os resultados que facilmente podemos constatar.
Outra realidade, cujas soluções bem poderíamos também adotar.
Ou talvez não, porque, vezes quantas, somos um país complicado e esquisito...
Vai continuando a sonhar, que a modalidade, dos mais conscientes, agradece.
Com amizade, aquele abraço.
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