A constante formação de um treinador é fundamental para o seu desenvolvimento, sendo que essa formação poderá vir de diferentes maneiras.
Presenciei o meu primeiro clinic em Itália, como estrutura é semelhante aos que já presenciei em Portugal, Espanha e nos Estados Unidos, até aqui nada de novo.
O sistema em vigor em Itália, é o mesmo do que em Portugal, ou seja, cada treinador tem que ter obter um certo número de créditos, sendo que obrigatoriamente que marcar presença em 2 clinics anuais, para que a sua carteira de treinador seja renovada para a época seguinte.
Quais as diferenças então, que encontro cá e não encontro em Portugal? A experiência, e o currículo dos prelectores. Quero sublinhar que não escrevo a qualidade pois não se trata de qualidade, a razão deste artigo.
Um dos prelectores era Luca Banchi. E quem é Luca Banchi? É um treinador de 52 anos com um vasto currículo, onde se destaca selecção nacional italiana masculina de sub20, 2 campeonatos de Itália com o Montepaschi Siena (2013) e Empório Armani Milano (2014), vencedor da taça de Itália em 2014 e presença na euroliga, onde ficou na última ronda antes da Final4, perdendo apenas com o Macabi.
Durante 1hora e 30 minutos, ouvi o treinador Banchi falar sobre o tema “Passagem da transição para o sistema de jogo, de forma contínua e sem que existam paragens”, e pensava que uma das grandes lacunas que temos no nosso basquetebol é a falta de experiência dos treinadores (que se tornam prelectores), em andar em patamares de top do basquetebol europeu.
Com isto, não coloco em causa a qualidade, mas temos que admitir que a nossa qualidade também se mede pelos desafios que temos como treinadores e, este desafio constante que faz como que tenhamos que preparar-nos de forma diferente.
Enquanto que em Portugal, os jogadores (que mais tarde se tornam treinadores) não têm esses desafios constantes, desafios esses que passam pelas competições europeias/selecções nacionais num patamar elevado, quando se tornam treinadores a sua experiencia estará sempre limitada. Com isto, não digo que um jogador que tenha tido estas experiências, se torne obrigatoriamente um bom treinador, mas a verdade é que estas experiências constantes de estar num contexto elevado irá claramente ajudar a ter que se preparar de uma forma completamente diferente, ao contrário de quem nunca pisa, nunca vê, nunca sente, com grande regularidade, os palcos mais altos do basquetebol europeu.
O ver também ajuda aos treinadores poderem evoluir, ajudando neste ponto a presença do Benfica e do Porto nas competições europeias mas, de longe, percebo que os pavilhões continuam “vazios” para estes jogos, o que me leva a pensar que talvez o basquetebol deixou de ser tão atractivo como era antes, de quem é a culpa? É de todos! Mas continua, sempre a sensação, que nos fazem querer que não é de ninguém ou do outro.
Por aqui, sempre que posso, sempre que tenho uma tarde onde, o não ter jogo se conjuga com outro jogo, estou sentado num pavilhão a ver serie C, serie B, A2 ou fazendo 1 hora e meia para Pesaro para ver a A1.
Como treinador, cada vez que presencio um jogo, estou dentro do meu próprio clinic.
Nuno Tavares
+39 347 339 8969
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