O Basquetebol, como muitas outras atividades desportivas, alimenta paixão, emoção. Mas inevitavelmente, gera e alimenta um conjunto de relações humanas que nem sempre possibilita parar e refletir

o quão fortes são e o quanto contribuem para a nossa evolução enquanto seres humanos pensantes. Essas relações podem simplesmente ter o seu início através dos primeiros dribles, dos primeiros lançamentos, dos primeiros passes para um companheiro lançar. Podem igualmente nascer dos primeiros atos de ensino, de treino, de motivação e correção, feitos pelo treinador aos seus atletas. Ao longo do nosso percurso desportivo, nas mais diversas funções construímos um património emocional, onde todos contribuímos com um pouco de nós para o enriquecermos.

Não tenho dúvida que o nosso companheiro Abílio Lopes terá sido contagiado pela energia do clube onde iniciou a sua prática do Basquetebol, terá tido a felicidade de ter tido treinadores que fomentaram o gosto pelo Basquetebol alicerçando o seu valor pedagógico com princípios e valores humanos de lealdade, companheirismo, cumplicidade, entreajuda, etc. Deu igualmente o seu forte contributo para que o Basquetebol evolua e nos continue a apaixonar.

Contribuiu para se criassem elos humanos que não mais serão esquecidos, dando-se seguimento a uma cadeia de influência positiva, que sem dúvida acompanharam a sua formação pessoal e desportiva, a sua atividade profissional de professor de Educação Física e Treinador, contribuindo para a construção de uma filosofia própria que deixará marcas positivas naqueles que lhe foram mais próximos.

A prova inequívoca de tudo o que referi está na vibração dos dribles efetuados no momento doloroso da sua despedida. Não mais esquecerei este momento, entendendo-o como um sinal de reconhecimento e homenagem que merece registo nesta crónica. Mas para além disso, importará entender estes dribles e a sua força simbólica como um sinal de esperança. O legado do companheiro Abílio permitirá continuar a acreditar que será possível progredir em drible a caminho da valorização do desporto como algo que nos deverá unir, mesmos com diferenças e pontos de vida diferentes, em prol de valores comuns. Só assim valerá a pena, mesmo neste momento triste, continuar a competir.

A partir de hoje, se não tinha qualquer dúvida que jamais esqueceremos Abílio Lopes, sei que em cada drible ele estará sempre connosco. Termino expressando as mais sinceras condolências a todos os familiares.