A semana passada abordei o tema da mudança de clubes, e dei a conhecer que esta semana iria abordar outro tema recorrente no início de cada época, o tema da angústia dos encarregados de educação, a sua preocupação desmesurada, sobre em que equipa o filho(a) vai jogar?
Vai jogar na equipa A ou na equipa B, como se isso fosse o mais importante, como se fosse uma questão de orgulho para os pais ou desprestígio para a criança.
Contudo não quero deixar de tecer, mais algumas considerações, sobre a troca de clubes. A questão de fundo não é serem facilitadas ou dificultadas as trocas de clubes. As questões de fundo são:
- De que forma, são feitas essas essas mudanças, há formas mais éticas e formas menos éticas?
- Quais são as verdadeiras motivações que levam treinadores e dirigentes a aliciar crianças a trocarem de clube, quais são as motivações de uma criança a procurarem outro clube e que motivos levam os pais e encarregados de educação a querer que o seu filho/a jogue noutro clube?
Mas regressemos ao tema de hoje. Será um desprimor jogar numa equipa B do clube? Será que não é aos treinadores, que cabe essa decisão? Será que os pais, fazem bem aos seus filhos, quando pressionam os treinadores para jogarem na equipa A em vez da equipa B? Será que ficam mais incomodados que os próprios filhos e que esse incómodo se reflecte sobre os seus filhos? Será que é melhor para uma criança jogar muito tempo na equipa B ou pertencer à equipa A e jogar menos tempo. Qual é a verdadeira percepção da própria criança no meio de todas estas questões? Será que as crianças dão assim tanta importância jogar na equipa A ou na equipa B ou será que querem pertencer à equipa A por pressão dos pais e não tanto por sua livre vontade? Será que a criança está mais integrada na equipa A, ou ao ter um papel mais preponderante na equipa B, prefere estar na equipa B?
Perguntem a uma criança, preferes jogar pela equipa A onde tens pouco tempo de jogo, ou jogar na equipa B onde vais ser muito utilizado? Qual será a resposta da grande maioria das crianças?
Para mim a questão de fundo, nunca é nem nunca será, em que equipa o filho/a vai jogar, as perguntas às quais eu penso que deveremos saber responder são:
Gosta o meu filho de ir aos treinos e aos jogos? Gosta do treinador e está integrado no grupo? Vejo que está a crescer e a desenvolver-se socialmente e como praticante?
Estas são para mim as prioridades às quais os pais terão de estar atentos. No fundo, o bem-estar e o desenvolvimento dos seus filhos, esses sim são o mais importante.
O que não falta por aí, são casos de jogadores, em todas as modalidades, que nos escalões mais novos jogavam pouco tempo ou estavam em equipas “B” e passados uns anos foram bem mais longe do que outros que estavam nas equipas “A”. Ainda bem recentemente li uma entrevista do Bernardo Silva, jogador de futebol, actualmente no Manchester City, a relatar que nos juniores do Benfica era normalmente convocado para as equipas mais fracas, ou ficava de fora das convocações. O que certamente nunca aconteceu ao Bernardo Silva foi deixar de evoluir ou deixar de gostar jogar futebol, pois se isso tivesse acontecido, certamente que hoje não estaria onde está.
Comentários
Até acaba por ter a ver por acaso...
Pedro Martins quem tem a autoestima e sente que tem capacidades tão grandes ou maiores que aqueles que jogam na equipa A e joga numa b ou c equipa vai com certeza acusar essa injustiça por estar a jogar numa equipa secundária isso não tenham dúvidas nenhumas tenho vários exemplos da minha experiência. Ninguém é feliz perceber que merece mais do que aquilo que tem
Se jogarem na a,b c, ....., Z o que eles querem é jogar.
Sei do que falo. Fui atleta e treinador de futebol, sou pai de uma atleta de basket.
Neste momento sinto-o muito mais feliz e isso é o que para mim tem mais importância.
Abraço