Na sequência do meu último artigo, o amigo Bruno Cazeiro lançou-me um desafio de muito difícil resposta. Escreveu o Bruno: “San Payo Araújo - como pensador da modalidade dá-nos algumas ideias sobre o retorno.”
Creio que ninguém alguma vez pensou passar por uma situação destas. Eu confesso, nunca pensei. Contudo, já por diversas vezes publiquei aqui no Planetabasket, sobre o tema da atracção de crianças à modalidade.
Num podcast, a convite do Vasco Pais, no qual recentemente participei com a Paula Seabra do Esgueira e a Cristina Leite do Juvemaia, ambas falaram sobre as formas que utilizavam para a captação de crianças. Uma vez mais ficou claro o que eu escrevi no meu último artigo: Se eu vivesse na Lituânia, onde todas as crianças querem jogar basquetebol, as estratégias não seriam as mesmas que em Portugal. As formas utilizadas pela Cristina não eram iguais às da Paula, pois as realidades de um clube e do outro são bem diferentes.
Contudo se as formas para atrair crianças terão de adaptar-se às realidades locais, (estas não são seguramente iguais no Barreiro, em Ovar ou em Minde e Paços de Ferreira); penso que as linhas orientadoras, as estratégias para construir estas acções não diferem muito a partir das seguintes ideias que já expus no meu artigo de 18/02/14 “Pensar a modalidade”.
Genericamente, as formas, as linhas orientadoras para a captação passam pelos seguintes factores:
Razões familiares – O pai, a mãe, um irmão ou algum familiar pratica ou praticou basquetebol, ou por sugestão de alguém próximo consideram que aquela é uma boa actividade para o desenvolvimento dos seus filhos;
As amizades – Muitas são as crianças que praticam determinada modalidade por influência dos amigos, daí o apelo frequente ao “Traz um amigo”;
Os media e razões culturais e sociais – Não é por acaso que em Portugal a maioria dos rapazes quer jogar futebol;
A escola – O ambiente escolar e a prática de uma determinada modalidade dentro da escola são factores influenciadores da escolha duma modalidade;
Actividades promocionais – Enquanto estive na federação fiz questão de aproveitar os momentos altos da modalidade para realizar actividades promocionais com os minis nos intervalos do jogos e descontos de tempo e é com grande satisfação, que ainda hoje assisto a algumas associações por exemplo a AB do Porto, nos campeonatos da Europa e a alguns clubes como o Esgueira terem agarrado nestas formas de promoção da modalidade.
Olhando para estes factores onde é que poderemos apostar em tempos de restrições sociais?
Neste momento fruto das circunstâncias penso que as grande apostas terão de passar pelas razões familiares, pelas amizades, e fundamentalmente quando estas reabrirem, pela escola. Torna-se necessário, percebermos onde poderemos ser fortes. É decisivo em função de cada uma das realidades sermos criativos nos caminhos da captação, nunca esquecendo, que para tal é necessário uma mensagem convincente e uma imagem atractiva.
Nessa mensagem convincente, no centro tem de estar a criança e a compreensão das suas motivações que genericamente passam:
- Por quererem fazer amigos
- Por quererem estar com os amigos
- Por necessitarem de movimento correr saltar atirar etc..
- Por necessitarem de gastar energias
- Por quererem reconhecimento, ou dos pais, ou dos amigos, ou do treinador
- Por conseguirem fazer coisas novas
- Por quererem brincar através de jogos
Numa fase de captação atracção à modalidade, mais do que nunca, como disse o Prof. João Figueira na 4ª acção de complemento do grau 1 realizada neste fim-de-semana pela AB da Madeira, não podemos deixar de ter presente e citando Jorge Adelino “O treino de jovens não se orienta pelos critérios da prática desportiva adulta, nem tão pouco apenas pelos critérios do desporto de rendimento”.