"Foi tudo tão repentino ou o elogio à amizade". Muitas vezes o tenho afirmado e escrito, que o melhor que o basquetebol me deu foram as amizades. O basquetebol deu-me amizades tão fortes e duradouras, que alguns desses amigos se tornaram pessoas tão próximas

que sou recebido em suas casas como se fosse família. No início dos anos 90, já lá vão quase trinta anos, o saudoso amigo Bernardeco e eu enquadramos uma equipa de Juniores do Queluz que esteve presente no Torneio Internacional do Alto Sena em Paris “Les Cadets de l´Europe”.

Foi aí que conheci um jovem belga que me falou num torneio que se realizava em Charleroi. Fruto desse contacto inúmeras foram as vezes que as equipas de formação do Queluz se deslocaram à Bélgica, para participarem no torneio internacional de Charleroi. Muitos foram os treinadores, como o Miguel Pereira, o Adelino Rodrigues, Fernando Paulino, o Fernando Lemos “o Leila”, o Mário Paulino, o Bruno Costa e o Paulo Picão, que puderam vivenciar esse evento. Sucessivas gerações de jovens praticantes do Queluz, hoje vários deles também já treinadores, tiveram durante quase uma década o privilégio de participar nesse torneio.

Desse evento, no qual estive presente várias vezes, nasceu uma forte amizade com a família Buchet, que já mencionei aqui no Planeta Basket, tendo inclusivamente entrevistado o Christoph Buchet, treinador do Spirou de Charleroi Jeunes  (ver “Os clubes decidem de 08 de  Março de 2011).

Sendo os Buchet “a minha família belga”, várias vezes me vieram visitar a Portugal e a última vez que estive em Charleroi para passar uns dias na sua excelente companhia foi na Páscoa de 2018 antes de me mudar para a Madeira.

Infelizmente soube que o Covid-19 também já fez baixas nos meus amigos mais próximos, a Edith Buchet, senhora de enorme simpatia e gentileza está no momento em que escrevo estas linhas em coma profundo para mitigar o seu sofrimento. É nestes momentos que tomamos consciência que foi tudo tão repentino. E plagiando parte dum poema que escrevi no início da pandemia digo:

“Foi tudo tão repentino
Minha amiga
Foi longe
Mas de repente surgiu à nossa porta
E lá fora tanta gente morta
Sem nada podemos fazer.”