Ao ouvir a histórica trajetória do período áureo de 1957 a 1963, do meu Barreirense, das gloriosas equipas, dos jogadores, seus treinadores, o único que não conhecia

e que me despertou a curiosidade pelas referências elogiosas que lhe faziam, era o professor Vicente Costa, que teve curta passagem pelo clube na época 60/61 e liderou a equipa nos celebres jogos com os franceses do Charleville, respeitantes ao campeonato da Europa.

Soube mais tarde, que a meio dos anos 60 ele regressou à sua terra natal, Angola, onde se afirmou como moderno e conceituado treinador, sendo várias vezes campeão de Angola, retornou a Portugal em 1978 vindo profissionalmente a integrar os quadros da direção-geral dos Desportos.

Vicente Costa | Benfica de Luanda: Agostinho Reis #5, Carvalhinho (de perfil), Antônio Guimarães e Mário Palma #12

Ora quis o destino, que no final da década de 80, me cruzasse com o Vicente, eu como Diretor Técnico Nacional da Federação Portuguesa de Basquetebol e ele como Técnico do Instituto do Desporto, refira-se que o Vicente sempre manteve com a Federação uma relação privilegiada, sempre afável, disponível para cooperar, vivamente interessado pelas coisas do desporto, mas sem sombra de dúvida era no basquetebol que se encontravam as raízes da sua sedução pela atividade desportiva.

Tal postura conduziu à sua nomeação como Diretor Técnico da Associação de Basquetebol de Lisboa, integrando a partir daí a Estrutura de Coordenação Técnica Nacional.

Reconhecido pelos seus pares, não só pelo seu irrepreensível comportamento ético, mas também por ser metódico, competente, as suas ideias, as suas propostas, eram sempre valorizadas face à forma agregadora como pautava a sua intervenção.

Foram as suas qualidades humanas associadas às competências técnicas, que conduziram ao convite que lhe fiz para vir a integrar o departamento técnico da Federação, como meu assessor. Disponibilizou-se de imediato em colaborar em tudo que estivesse ao seu alcance e assim procedeu, sempre com uma dedicação incansável.

O relacionamento diário, facilmente me permitiu reconhecer a pessoa culta, com princípios, com ética, interessada na defesa dos valores humanistas da sociedade, igualmente constatar a incrível habilidade para escrever bem e de forma clara, que transmitia segurança e seriedade.

Construímos uma sólida amizade alicerçada na confiança na empatia e no respeito mútuo, até à sua partida para a viagem sem regresso.

Vicente Costa foi um exemplo, para todos os que privaram e trabalharam com ele, um ser humano que prestigiou e enobreceu o Basquetebol Nacional.