Do surgimento do MB até abril de 74
 
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Do surgimento do MB até abril de 74

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Do surgimento do MB até abril de 74 (De 1964 a 1974)Das memórias que tenho, e da investigação que realizei sobre o surgimento do minibásquete em Portugal, há sempre três nomes que são mencionados em múltiplos documentos: Cremildo Pereira, Prof. Mário Lemos e Prof. Eduardo Nunes. Neste período 1964 a 1974, por ter sido quem introduziu o minibásquete em Angola e pelo facto da primeira apresentação do minibásquete, às entidades oficiais, ter sido, por ele, conduzida penso ser de inteira justiça acrescentar o nome do Prof. Dr. Carlos Alberto Gonçalves, pessoa que muito estimo e a quem recorri para ter mais informação sobre as origens do minibásquete em Portugal.

Para além do Prof. Dr. Carlos Gonçalves, tenho o privilégio de ter conhecido pessoalmente essas três figuras incontornáveis na história do minibásquete em Portugal.  As ações e as atividades promovidas a partir de 1964 em Moçambique por Cremildo Pereira, e a partir da época 1965/66 pelo Prof. Eduardo Nunes no Porto e pelo Prof. Mário Lemos em Lisboa são decisivas na implantação do minibásquete em Portugal. Salvo melhor julgamento, de todos os documentos que li, do que pude presenciar e das histórias que ouvi na minha juventude, posso afirmar que quem introduziu a palavra o Minibasquetebol no léxico português foi Cremildo Pereira; quem na fase inicial conseguiu dinâmicas mais organizadas e consistentes associadas ao desporto federado, foi o Prof. Eduardo Nunes, mas quem introduziu novos conceitos e deixou mais doutrina do que deve ser, na minha opinião, o minibásquete foi o Prof. Mário Lemos.

Por ser meu tio por afinidade, por ter sido meu primeiro treinador, por ser quem me fez criar o gosto pelo basquetebol e ter criado o entusiasmo pelo minibásquete e por o ter acompanhado e colaborado de perto na realização dos Convívios de Minibásquete por ele organizados, através do Colégio Militar e da Escola Francisco de Arruda, a figura que mais me marcou foi o Prof. Mário Lemos.

É a ele que eu devo o meu gosto pelo minibásquete, contudo este documento, também tem por finalidade, contribuir para a preservação e divulgação do legado destas quatro figuras decisivas do minibásquete em Portugal, a cada um deles, vou dedicar um capítulo. Nesses capítulos ficará mais claro como se desenvolveu o minibásquete de 1964 a 1966. Mas como nasceu o minibásquete?

Para tal socorri-me da História do Minibásquete escrita pela Sónia Costa, que como treinadora, participou no V Jamboree do CNMB de 2004 realizado em Vila Pouca de Aguiar.

A criação do minibasquete deve-se ao Professor de Educação Física Jay Archer, que o concebeu, em 1950, nos Estados Unidos da América, seu país de origem, com a denominação de Biddy Basket-ball.(…) O minibasquete é como que a ponte de acesso mais fácil ao basquetebol, praticado no escalão etário seguinte. A sua expansão excedeu tudo quanto se podia imaginar e evidencia que ao basquetebol lhe faltava este complemento. (…) À Europa chega através da Espanha, com a designação de Mini-basket. As primeiras notícias são introduzidas pela revista Rebote, em Fevereiro de 1962.

Na Federação Espanhola de Basquetebol o vice-presidente Anselmo López Martins propôs-se lançar uma campanha de expansão e divulgação ao alcance de todas as crianças espanholas. Assim aparece a chamada “Operação 100 mil”, número que viria a ser alcançado na época de 1968-1969.

Concretamente como Minibasquete, pode dizer-se que a sua introdução em território português, se fez na cidade da Beira, em Moçambique, através da Associação Distrital de Manica e Sofala, filiada na Federação Portuguesa de Basquetebol (FPB), pela mão de Cremildo Pereira, um devotado à causa. Foi ele que, naquela Associação, no ano de 1964, com a colaboração de um Regulamento de Provas e a adaptação ao português das Regras do Minibasquete, publicados em duas brochuras, deu ali início à sua prática.

Na Metrópole e em Lisboa é o Professor Mário Lemos que lhe dá início, em 1966, integrando o Minibasquete nos Campeonatos internos do Colégio Militar, para as finais dos quais foi convidado o presidente da Federação, que ofereceu às equipas finalistas, medalhas comemorativas. Neste mesmo ano, no Porto, o Professor Eduardo Nunes, como técnico Regional do Norte, colaborando com a Associação de Basquetebol do Porto, lança as bases de uma obra, que esta Associação, com a colaboração de umas tantas dedicações, desenvolve, fazendo com que o Minibasquete atinja, no Porto o maior relevo. Seguem-se-lhe, em 1967, outros centros, como Coimbra, São João da Madeira, Barreiro, Aveiro e Seixal.

Com a excepção do Porto, o Minibasquete nunca teve a implantação desejada. Nunca se cimentou a nível nacional, não passando os demais centros, de tentativas, fogachos, por lhes haver faltado o apoio de quem lhes cumpria ampará-lo e divulgá-lo. (…). A nível nacional poderá dizer-se que o minibasquete em Portugal foi implantado quase simultaneamente em Lisboa e no Porto, como já foi referido, visto que as iniciativas, em ambas cidades, se deram na mesma época, 1965-1966.” (1)

Como já referido, nos próximos capítulos vamos abordar onde e como neste período, de 1964 a 1974, o minibásquete teve maior desenvolvimento: Moçambique, Lisboa e Porto e como surgiu em Angola.

Contudo, pelos motivos já referidos, haver faltado interesse em apoiar tentativas da implementação do minibásquete noutras regiões do país, neste período na opinião manifestada pelo então presidente da Federação Albano Fernandes, no seu Livro a história do basquetebol, o minibásquete teve muitos obstáculos e dificuldades em se implantar no território nacional. “O minibásquete, no entanto, salvo no Porto, nunca teve a implantação de desejar. Nunca se cimentou a nível nacional, nunca conseguiu radicar-se. Para além do Porto, onde existiu, como se verá, um trabalho de base, com cabeça tronco e membros, nos demais centros não passaram de tentativas de fogachos, por lhes haver faltado o apoio de quem lhes cumpria ampará-lo e divulgá-lo. Mas outros poderes mais altos se levantam, dissimulados, mas impondo a sua vontade; verdadeiro travão a tudo que podia bulir com os jovens – a Mocidade Portuguesa. O Minibasquete, entre nós, tem sido, portanto, como o fogo-fátuo, apenas emanações espontâneas, sem sequência. E é pena." (2)

Se relativamente à Metrópole, como então se designava o território nacional no continente europeu, são reais estas afirmações de Albano Fernandes, estas têm, contudo, uma lacuna, pois ignoram a força que o movimento do minibásquete teve no Porto, em Lisboa, em Angola e principalmente em Moçambique. A dinâmica que este movimento teve nas cidades de Lourenço Marques, atual Maputo e Beira, vem a ser decisiva, na minha opinião, para a divulgação e expansão da modalidade após 1974 em grande parte do território nacional.


(1) Costa, Sónia - A História do Minibásquete em Portugal
(2) Fernandes, Albano - A História do Basquetebol em Portugal

 

 


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