No meu último artigo, abordei ao de leve, a forma como as crianças se organizam quando se juntam para jogar. Sobre este tema, tenho lido alguns post no facebook bem divertidos, mas hoje vou falar da minha experiência e dizer que,
da minha observação a esse nível, as coisas não mudaram assim tanto quando as crianças se juntam.
Muitos são os exemplos que poderia dar que as coisas não mudaram assim tanto, mas um dos exemplos que mais me marcou decorreu na Madeira no pavilhão de Santa Cruz, onde estava marcada mais uma jornada de jogos de Mini-12 do campeonato regional feminino. Num dos campos transversais estava marcado o jogo Mini-12 femininos GBA x CAB. Nessa época 2018/19 a equipa feminina do GBA era superior ao CAB. Por diversos motivos os jogos atrasaram-se. Ao perceber que os jogos iam atrasar, as duas equipas, sem interferência dos adultos, organizaram-se e começaram a jogar. Como? Misturaram as equipas para o jogo ser equilibrado. Depois deste aquecimento espontâneo a jornada realizou-se e as jogadoras realizaram o jogo que estava previsto no calendário e que foi como elas antecipadamente sabiam, desequilibrado.
O principal critério que está subjacente à sua forma de organização é que o jogo deve ser equilibrado. Um jogo equilibrado em que elas sentem que se tem de superar dá muito mais prazer às crianças. Este é, pela forma que elas naturalmente se organizam, o interesse das crianças.
A partir deste critério elas próprias estabelecem as regras que normalmente passam por:
- Decidir quem escolhe as equipas.
- Normalmente quem escolhe são os dois melhores, que não podem estar no na mesma equipa.
- O dono da bola tem de jogar.
- Não há árbitro
- Os lances polémicos são decididos por consenso ou termina o jogo.
- O jogo acaba quando o cansaço se começa a instalar.
- Nesse momento surge a regra para haver maior empenho, quem marca o último cesto ganha o jogo.
Nota: Nos jogos de futebol, organizados pelas crianças, geralmente o pior jogador vai para a baliza, exceto quando é marcada uma grande penalidade.
Repito, o principal interesse das crianças é que o jogo seja equilibrado, é assim que elas se organizam. Contudo os adultos, como vimos no início de todas as épocas, conseguem organizar jogos e competições em que grassam desequilíbrios confrangedores. Com algum grau de utopia, quase me apetece dizer, deixem as crianças organizar os jogos.