Se neste meu empenho, em dar contributos, para a história do minibásquete eu tenho muita informação e documentação, do período que decorre entre 1964 e 1974, herdada do professor Mário Lemos, relativamente ao período de 1974 a 2000,
tenho infelizmente pouca documentação. Tudo na vida tem vantagens e desvantagens, se por um lado tenho pouca informação, por outro lado tem a vantagem de me levar a ter de procurar e falar com pessoas, como o Prof. Jorge Araújo, o Prof. Eduardo Monteiro e amigos como o Manuel Fernandes, Luís Laureano e Jorge Adelino, com quem estive recentemente reunido para obter mais informação.
Em conversa amena e agradável, como é sempre quando se trata do amigo Jorge Adelino, fiquei a saber mais sobre o desenvolvimento do minibásquete no período pós 25 de Abril, nomeadamente no período em que quem dirigiu a Direção Geral dos Desportos DGD foi o Prof. Melo de Carvalho. Se por um lado esses foram tempos agitados, por outro lado também foram tempos de grande entusiasmo e empenho em tentar fazer algo de novo. Segundo Jorge Adelino, nesse período a responsabilidade de desenvolvimento e crescimento do minibásquete era praticamente toda da DGD. Nesse período os diretores técnicos das modalidades, eram requisitados e trabalhavam nos edifícios da DGD. O diretor técnico do basquetebol era o Prof. Eduardo Monteiro e havia um responsável nacional pelo desenvolvimento do minibásquete que era o Prof. José Curado.
Os planos de desenvolvimento da modalidade, previam para a área do minibásquete distribuição de material. Desde que obedecessem a um conjunto de requisitos, os núcleos que se dedicavam ao minibásquete recebiam tabelas e bolas. “Estes requisitos eram simples e objectivos, e do que me recordo: ter um responsável pela actividade do núcleo, haver quem assuma a orientação das equipas (ter interesse e disponibilidade, pois a ajuda para a sua formação vinha depois), terem um local para aplicação e utilização das tabelas e existir potencial de captação de rapazes e raparigas para a actividade (escola, clube, comissão de moradores, bairro)." (1)
À DGD também competia a produção de documentação e formação de animadores e árbitros, denominados os amigos e inclusive a organização de atividades para o minibásquete. A título de exemplo do que era o empenho e o envolvimento das pessoas nessa época o Jorge Adelino refere um evento realizado com muitos participantes, num campo anexo ao Estádio Nacional em que como não era permitido furar o piso para se fixarem as tabelas dos campos que iriam ser montados, foi decidido, com pneus enchidos e massa de cimento produzir os suportes das tabelas para que o evento pudesse ser realizado.
Este modelo de competências era replicado por todas as Delegações Regionais e Distritais da DGD. Como é natural, havia delegações mais ativas que outras. Uma das mais ativas, pela mão do Dr. Mendes Silva e pelo Prof. Jorge Araújo era a delegação de Coimbra.
Penso que um dos males generalizado deste país, transversal a muitas áreas, bem para além do desporto, problema já mencionado pelo Prof. Jorge Araújo, é que um hábito instalado neste país e que se tornou recorrente, é quem chega ao poder tem todas as soluções e tudo o que foi feito para trás é terra queimada. Há quem defenda que este é um mal histórico e endémico proveniente do sistema de rotatividade que se instalou no final da monarquia e primeira república.
Como o minibásquete estava essencialmente entregue à DGD e tudo se foi aos poucos desvanecendo, fica para mim, cada vez mais claro, como o minibásquete foi perdendo a sua dinâmica. No final dos anos 90, com algumas exceções, das quais oportunamente falaremos, o minibásquete era uma atividade completamente entregue aos clubes e pontualmente a algumas Associações. Os Planos de Actividade da Federação não incluíam no final dos anos 90 nenhuma actividade prevista ou destinada ao minibásquete.
(1) Jorge Adelino, correspondência por e-mail
