Apoiados naquilo que se denomina vulgarmente como a filosofia do treinador, e face ás inúmeras maneiras de entender o jogo, consideramos que podemos jogar de muitas maneiras!
No entanto, para nós, isso não significa que se pode jogar de qualquer maneira.Os objectivos da formação prendem-se – entre outros – em formar jogadores para jogar o jogo nas equipas seniores dos clubes. Pensamos que ninguém discorda.
Mas que basquetebol querem jogar as equipas seniores dos clubes?
Mesmo para quem só se interessa pelo treino com jovens é fundamental analisar o jogo ao mais elevado nível nos escalões superiores. Porquê? Porque será difícil formar jogadores se não se souber para que jogo os formamos!
Para nós o “motor” de toda a preparação de uma equipa é a forma de jogar que essa equipa pretende. Por outras palavras, é a componente organização colectiva que condiciona toda a construção de uma forma de jogar e consequentemente a construção de um modelo de jogador que sirva esse modelo de jogo. O recrutamento de jogadores ao nível sénior deve obedecer a este princípio.
E isto (para nós) é válido desde os iniciados aos seniores!
Uma discussão frequente é se nos escalões iniciais, se deve privilegiar um jogo livre ou um jogo planeado.
Temos visto como hipótese mais defendida o jogo livre nos escalões de formação. Mas será que o número elevado de regras e conceitos que implica não fazem dele o jogo mais condicionado?
Consideramos que temos é que ensinar os jogadores a jogar com inteligência, entendendo o jogo e crescer tacticamente no sentido de aprender a seleccionar a melhor opção em cada momento. Jogar é decidir. Neste sentido, optámos á muito tempo por um sistema misto de jogar no ataque: jogo por conceitos como base de apoio, e sistemas a forma exterior, o recurso económico de organizar com vantagem esses conceitos. A regra dos 24 segundos tornou mais evidente a vantagem que consideramos ter esta abordagem e atenção… não é nada a mesma coisa atacar planeado ou atacar planeado assente em princípios!
Ou seja, defendemos como forma de jogar um misto de organização e liberdade dada aos jogadores para expressar a sua criatividade.
Também para se formarem jogadores para o jogo actual, consideramos ser a melhor opção, quando associada a um bom trabalho de ensino da técnica individual, de preparação física e mental, nomeadamente ao nível da concentração.
Como está então - em termos ofensivos - o jogo para que formamos os jogadores?
Olhando para o jogo actual podemos identificar as seguintes situações que permitem marcar pontos:
1x1 (de frente e de costas para o cesto);
Jogar com o bloqueio directo (2x2)
Libertar um lançador (normalmente após uma penetração que força a defesa a mandar ajudas)
Pontos a partir de uma boa defesa – contra ataque.
Lances livres
Ressaltos ofensivos finalizados directamente da acção de ressalto.
Se excluirmos os Lances Livres, os ressaltos ofensivos finalizados directamente da acção de ressalto e os pontos em contra ataque chegamos, pela análise do jogo, ao grande princípio ofensivo do nosso jogo presente nas outras situações: Penetrar e assistir!
A esse princípio associámos os seguintes sub-princípios que são decisivos para executar em jogo essa acção (penetrar e assistir):
Ocupar (alargar) o máximo de espaço;
Aclarar (reagir) á penetração;
Quem penetra sai num canto longo que possibilite continuar a penetrar;
Voltar a lembrar aspectos básicos para ter sucesso: técnica individual, capacidade de ler correctamente as reacções defensivas. Manter o equilíbrio entre agressividade ofensiva e colectivismo, para atacar o cesto mas identificar as ajudas e assistir os colegas que ficam momentaneamente livres em vantagem de tempo/espaço.
Quando atacamos pretendemos individualizar uma situação de vantagem num emparelhamento 1 contra 1 ou criar essa vantagem com cortes ou bloqueios.
Depois, devemos aproveitar essa vantagem criando as melhores condições de espaço no campo para chegar ao melhor lançamento possível.
Este lançamento deve resultar directamente desde a vantagem criada, ou forçando a defesa a mandar ajudas, quebrar seu equilíbrio atraindo jogadores de outras zonas do campo. Quando tal acontece deveremos fazer chegar a bola o quanto antes possível aos jogadores que por momentos ficam livres.
Esta análise do jogo conduziu-nos a uma forma de jogar em que 4 jogadores jogam preferencialmente de frente para o cesto (jogadores exteriores) e um de costas para o cesto (jogador interior). No entanto todos os jogadores exteriores podem aproveitar situações perto do cesto (face ao espaço aí existente) e o jogador interior vem muitas vezes para fora – bloqueando, mudando o lado da bola, jogando 1x1 (dependendo das suas capacidades técnicas)
Assim, as nossas preocupações no treino devem estar associadas a esta forma de jogar que deve estar por sua vez subordinada á seguinte ideia: encontrar onde pode residir a vantagem e explorá-la.
Isto é o que entendemos como ensinar a jogar com inteligência.