O Planeta Basket continua a dar o devido destaque aos vários agentes de modalidade, que se vêm distinguindo ao longo da corrente época. Desta vez fomos até Ílhavo falar com o treinador de equipa local, Carlos Cabral. Líder da Proliga, a par de Queluz e Sampaense, Carlos Cabral conseguiu também classificar a sua equipa para a final 8 da Taça de Portugal. Segue em baixo o nosso desconto tempo com o treinador do Iliabum.
 
O que acha da prova, comparativamente às últimas épocas?
Penso que, de uma forma geral, o nível da competição baixou, embora haja competitividade entre algumas equipas.
 
Quais são os principais candidatos a subir à LPB e porquê?
Os principais candidatos à subida de divisão são, em minha opinião, o Illiabum, o Queluz e a Sampaense. Embora ainda faltem 15 jornadas e muitos imprevistos possam acontecer, do trio que referi deverão sair os finalistas desta edição da Proliga, porque têm sido as equipas mais sólidas e regulares durante a primeira volta do campeonato.
 
Que jogadores portugueses se vêm distinguindo nesta competição? Quem faz a diferença?
Tem havido espaço para afirmação do jogador português. Daniel Félix, quando não lesionado, Tiago Pinto, Mohamed Câmara e Pedro Bagio serão porventura os que mais se têm evidenciado, mas também outros atletas mais novos têm tido tempo de jogo e a curto/médio prazo terão oportunidade de se afirmarem, desde que continuem a trabalhar e a dar mais de si próprios ao basquetebol.
 
O que espera da sua equipa do Illiabum para a parte final da época e para os playoffs?
Espero que a minha equipa, o Illiabum, continue a crescer, a ser competitiva, competente e colectiva como até aqui, e que, com humildade e trabalho, se afirme como a melhor equipa deste campeonato da Proliga. No entanto, continuamos a prepararmo-nos para as dificuldades que os play-offs sempre apresentam, a começar logo pela aberração que é o primeiro jogo do play-off ter início em casa do pior classificado!
 
Quais são as principais dificuldades de um treinador que treina uma equipa de Proliga?
São muitas as dificuldades de um treinador de um clube da Proliga. Começa logo pela constituição do plantel e pela falta de orçamento para os melhores jogadores disponíveis. É importante que os Clubes se organizem e realmente invistam nas Classes de Formação, para elevarem o nível dos seus jovens praticantes e para assim estes poderem aspirar a jogar na equipa mais representativa do seu clube, que é a equipa de seniores. Desta forma, vários problemas se resolvem: maior identidade entre os atletas, o clube e a população. Mais público nos pavilhões e a acompanhar a equipa por via da maior identificação entre atletas e simpatizantes. Elevação das qualidades físicas, técnicas e tácticas dos praticantes e consequentemente do nível do basquetebol nacional.
 
Depois, é necessário que os dirigentes também percebam a importância de um Departamento Clínico. Muitas vezes os clubes conseguem ter menos despesas ao longo da época porque fizeram logo de início um esforço financeiro para melhorar as condições do Departamento Médico. Também a falta de tempo disponível dos atletas para treinarem, por via dos seus afazeres académicos e/ou profissionais, leva a que as equipas não treinem o necessário para a sua evolução individual e colectiva, para já não falar na falta de infra estruturas, recursos materiais, falta de espaços disponíveis para o treino...
 
De todas as equipas que já treinou, distinga aquela que lhe proporcionou os melhores momentos na sua carreira?
Felizmente têm sido vários os momentos felizes na minha carreira. Começo por recordar o entusiasmo e alegria que senti quando iniciei o Minibasquete na Ovarense, em 1980 e depois de um trabalho profundo, conseguimos, eu e esses miúdos, ser campeões nacionais de juvenis na época de  1986/87. Mais tarde, na época de 1994/95, já no Beira Mar, fomos campeões nacionais da I divisão, série A2, finalistas da taça da Liga e ainda estivemos presentes na final four da taça de Portugal. Recordo, ainda, a minha passagem pela Oliveiranse onde fomos finalistas da taça de Portugal na época de 1995/96. Já no Galitos de Aveiro, onde com quatro seniores e um grupo de jovens, que treinei durante dois anos em juniores B e A, conseguimos ser campeões nacionais da II divisão, na época de 2001/02, ano em que fui distinguido pela F.P.B. como o Treinador do Ano. Todos esses momentos foram muito gratificantes, não só pelos resultados alcançados, mas, sobretudo, pelos inúmeros atletas que ajudei a formar e que se revelaram jogadores de alto nível que jogam ou jogaram na Liga e na extinta I Divisão.
 
Qual destas fases do jogo privilegia: Defesa ou Ataque?
Penso que no basquetebol moderno, cada vez mais estes dois aspectos estão interligados. É necessário prestarmos a mesma atenção tanto para a defesa como para o ataque. Ao desenvolvimento do ataque corresponde um trabalho mais árduo da defesa, que por sua vez vai desencadear a superação do ataque. É nesta relação biunívoca que a defesa e o ataque evoluem. Gosto que as minhas equipas defendam com agressividade, mas que também sejam ofensivas no ataque.
 
Qual é o seu modelo de jogo?
Preconizo um modelo de jogo dinâmico, com transições rápidas, e onde os jogadores possam ser criativos no ataque, mas também agressivos e inteligentes nos vários tipos de defesa que possamos praticar.
 
No que acredita como treinador, Carlos Cabral?
Enquanto treinador, acredito fundamentalmente no trabalho. O primado do rigor, da verdade e da competência norteiam o meu trabalho. Procuro que os meus jogadores acreditem no que dizemos e fazemos e que haja respeito entre todos os elementos da equipa. E que, num trabalho de equipa, todos conseguem sempre dar um pouco mais do que aquilo que fazem.
 
Costuma visitar o site Planeta Basket? Porquê?
Infelizmente só há pouco tempo descobri o Planeta Basket. Desde então sou um visitante assíduo, porque considero ser um órgão de referência no basquetebol português.