O basquetebol feminino teve ontem uma jornada de excelente propaganda, em Barcelos, com a realização das meias-finais da 43ª edição da Taça de Portugal Feminina.
Uma organização impecável, a demonstrar a competência dos responsáveis da AB Braga e dos dirigentes do Basquete Clube de Barcelos. Para ajudar uma 1ª meia-final de elevada qualidade, entre os finalistas da época transacta, respectivamente AD Vagos e Olivais, este o detentor do troféu.
Primeiro período muito equilibrado, mas com elevado ritmo, com as duas equipas a alternarem o jogo interior com os tiros do perímetro. A 3ª falta de Clarissa no minuto 7 (16-16), muito cedo, obrigou Nuno Ferreira a resguardá-la no banco fazendo entrar Ana Teixeira. Pouco depois era o seu homólogo José Araújo que fazia o mesmo com a 2ª falta de Sofia Carolina (minuto 9), logo seguida de Michelle Brandão, no minuto seguinte, pelo mesmo motivo.
No 2º quarto o ritmo baixou naturalmente, com a defesa a prevalecer, porque a eficácia de lançamento foi menor, nomeadamente por banda do Olivais, nos duplos. Mesmo assim o Olivais ainda usufruiu de ligeiras vantagens (24-28 e 28-31), mas a determinação das vaguenses, com Joana Lopes a dar o mote, permitiu-lhes virar a marcha do marcador e ir para o descanso com 5 pontos à maior (36-31).
A equipa de Nuno Ferreira, a defender zona, reentrou melhor e já com Clarissa em campo chegou à maior vantagem de 11 pontos (45-34), com o Olivais a recorrer quase sempre ao tiro exterior e preferencialmente através de Jhasmin Player, conseguindo assim baixar a fasquia para 5 (48-43), no minuto 27. Mas Joana Lopes, com 1 triplo e izabela Moraes não estiveram pelos ajustes , repondo de novo a vantagem nos 11 (54-43), para Danyel Crutcher, a fazer um jogo muito certinho, reduzir no final do 3º período (54-45).
No último quarto (14-28) houve emoção a rodos e muita incerteza até aos instantes finais. De início ainda se verificou a maior diferença (12 pontos), com o 3º triplo de Izabela a cair (57-45), mas aos poucos o Olivais encaixou na zona adversária e de novo com Player a assumir as despesas, com 2 triplos (57-50) e (59-55), respectivamente nos minutos 33 e 34. Com 5 minutos e 51 segundos para jogar ocorreu a lesão (entorse num pé) da poste Clarissa que a levou definitivamente para o banco. Na altura a sua equipa ainda vencia (59-55) mas a partir daí o Olivais acabou por dar a volta ao jogo. Foi na realidade o momento determinante que mudou o rumo dos acontecimentos. O Olivais passou para a frente (59-61), já depois de Nuno Ferreira ter pedido um desconto de tempo (minuto 37, aos 59-59), na tentativa de acalmar as suas jogadoras, a passar por momentos de alguma desorientação. Mesmo assim ainda houve duas igualdades (61-61) e (63-63), com as vaguenses a não baixarem os braços. Mas o 4º triplo de Jhasmin Player (63-66), no minuto 39, praticamente sentenciou a partida, ainda que a AD Vagos tenha reduzido por intermédio de Joana Lopes (66-67), com novo triplo, a 32 segundos do termo. Até final (68-73) foi o jogo do gato e do rato, com o encontro a ser decidido da linha de lance livre.
Destaque nas vencedoras para a MVP da partida, Jhasmin Player (33 pontos, 4/7 nos triplos, 6 ressaltos defensivos, 6 assistências, 3 roubos e 12 faltas provocadas, com 11/13 nos lances livres), bem acompanhada por Danyel Crutcher (21 pontos, 9/13 nos lançamentos de campo, 12 ressaltos sendo 5 ofensivos, 2 roubos, 1 desarme de lançamento e 3 faltas provocadas), com alguns apontamentos de Sofia Carolina (6 pontos, 7 ressaltos sendo 2 ofensivos e 2 roubos) e Ana Fonseca (8 pontos, 7 assistências, 1 roubo e 3 faltas provocadas).
No conjunto de Vagos as mais valiosas foram Joana Lopes (18 pontos, 2 triplos, 8 ressaltos, 3 assistências, 2 roubos e 4 faltas provocadas) e Izabela Moraes (18 pontos, 3 triplos, 7 ressaltos, 5 roubos e 3 faltas provocadas), seguidas por Clarissa Santos (10 pontos e 8 ressaltos sendo 4 ofensivos) e Mariana Alves (11 pontos, 2 triplos, 5 assistências, 2 roubos e 5 faltas provocadas, com 5/6 nos lances livres).
No final registámos as opiniões dos 2 treinadores, tendo ambos realçado a excelente organização , a todos os níveis, do Basquete Clube de Barcelos. Para Nuno Ferreira (AD Vagos), “ muito pouco cuidado na nomeação de um árbitro de Coimbra, ainda que sem interferência no resultado” e sobre o jogo “a mudança para zona criou-nos problemas, pela falta de referência interior (Clarissa), mas é de realçar a mais valia do Olivais”. O treinador do Olivais, José Araújo, destacou a “grande qualidade do jogo, ainda que as zonas hoje tenham condicionado as duas equipas, sem esquecer uma referência especial à Danyel que fez um esforço enorme, depois de 15 dias sem treinar”.
Ficha de jogo
AD Vagos (68) – Mariana Alves (11), Inês Faustino (4), Izabela Moraes (18), Joana Lopes (18) e Clarissa Santos (10); Ana Teixeira e Sara Ressurreição (7)
Olivais (73) – Michélle Brandão (2), Ana Fonseca (8), Jhasmin Player (33), Danyel Crutcher (21) e Sofia Carolina (6); Maria João Andrade, Ana Rodrigues (3) e Jéssica Almeida
Por períodos: 22-22, 14-9, 18-14, 14-28
Árbitros: Hugo Antunes e Diogo Morais
Boa Viagem na final
Mas que grande diferença! A 2ª meia-final não teve nada a ver, em termos de qualidade, com o que presenciámos anteriormente. Lutou-se muito mas os momentos de bom basquetebol foram escassos e quando assim é pouco há a dizer. O jogo valeu na prática pela incerteza que pairou nos instantes finais, depois de o Algés ter empatado (45-45), através de Charese Reed, com 2 minutos e 30 segundos para jogar. À entrada do minuto 39, Marcos Couto fez reentrar a poste Ana Sousa (limitada fisicamente, pois não jogava desde finais de Janeiro) e as açorianas conseguiram por intermédio de Shannon Howell marcar da linha de lance livre, nos últimos 22 segundos, por 3 vezes, garantindo assim a vitória.
Realce nas vencedoras para a MVP do encontro, Chevon Keith (16 pontos, 19 ressaltos sendo 9 ofensivos, duas assistências, 5 roubos e 6 faltas provocadas, com 4/5 nos lances livres), bem acompanhada por Marinela Pinheiro (12 pontos, 12 ressaltos sendo 3 ofensivos, uma assistência, 3 roubos, 2 desarmes de lançamento e 3 faltas provocadas). Shannon Howell esteve desastrada em termos de eficácia (17% nos duplos e 20% nos triplos), mas contribuiu com 13 pontos, 5 ressaltos, duas assistências, 2 roubos, 1 desarme de lançamento e 6 faltas provocadas, com 6/10 nos lances livres.
No Algés, a mais valiosa foi a poste Sultra Harding (17 pontos, 13 ressaltos sendo 5 ofensivos, uma assistência, 3 roubos , 1 desarme de lançamento e 8 faltas provocadas, com 7/9 da linha de lance livre), seguida de Joana Fogaça (7 ressaltos defensivos, 6 assistências, 6 roubos), com o senão de ter feito 7 turnovers e Charese Reed (15 pontos, 5 ressaltos e 3 faltas provocadas), que jogou condicionada nos últimos minutos, com dores nas costas.
Para Fernando Moreira, treinador adjunto das algesinas “foi o nosso pior jogo da época e um jogo estranho, muito estranho, com a partida a decidir-se nos 2 minutos finais”. “Parabéns ao Boa Viagem pela vitória”, concluiu.
Marcos Couto, técnico açoriano, concordou com a opinião do adversário, sintetizando: “Acabámos por ser nós os menos maus, pois cometemos menos erros nos momentos chave. Acho que foi um mau espectáculo”.
Ficha de jogo
Algés (45) – Joana Fogaça (2), Catarina Coelho (9), Charese Reed (15), Susan Foreid e Sultra Harding (17); Joana Bernardeco (2), Sónia Foreid e Bárbara Pedro
Boa Viagem (48) – Shannon Howell (13), Bárbara Silva (2), Dora Duarte (5), Chevon Keith (16) e Marinela Pinheiro (12); Mónica Seidi, Solange Neves e Ana Sousa
Por períodos: 13-15, 7-10, 9-7, 16-16
Árbitros: Jorge Cabral e José Simões
Olivais e Boa Viagem disputam amanhã a final, no mesmo recinto (Pavilhão Municipal de Barcelos), a partir das 16 horas.
