Recebi há dias mais um Boletim do companheiro Carlos Bio, onde pude ler a seguinte frase do Prof. Teotónio de Lima:

“Um dos aspectos que mais deve cuidar o Treinador é a de constante intercâmbio de opiniões com outros Treinadores de maior experiência para assim poder desenvolver e aumentar os seus conhecimentos.”
 
Se este intercâmbio é decisivo para o aumento dos conhecimentos dos jovens treinadores, numa perspectiva de todos aprendermos com todos, considero também importante saber ouvir as opiniões de todos: mais velhos e mais novos. Vem esta introdução, a propósito dos comentários ao meu artigo “Alterar os escalões”. Por reforçarem as minhas ideias ou me obrigarem a pensar, desde já agradeço os comentários anónimos e ao Carlos Bio, Miguel Sousa e Telmo Botelho.

Não há dúvidas, que um dos maiores obstáculos da formação desportiva se chama horário escolar. Há decisões que beneficiariam muito a formação desportiva, como por exemplo a diminuição da carga de horário escolar, mas essa alteração não depende do universo do basquetebol. No entanto há soluções que dependem só de nós.

O debate que eu tenho tentado promover assenta num pressuposto e em duas questões.

Questões

• Como e onde captar praticantes? Ou seja como alargar a base da nossa modalidade?
• Como alargar a base e fidelizá-los à modalidade, nomeadamente em dois momentos sensíveis, transição do minibásquete para o basquetebol e transição para os séniores.

Pressuposto

Se não reflectirmos sobre estes problemas e não procurarmos soluções, muito dificilmente conseguiremos evoluir, pois como já referi dificilmente as mesmas soluções conduzirão a resultados diferentes.

Nesta perspectiva se for benéfico para o desenvolvimento da nossa modalidade nada nos impede de reflectir sobre a organização geográfica do basquetebol, a utilização dos recursos existentes e medidas que possam ajudar o aumento e fidelização dos praticantes, como por exemplo alterar os escalões.

Por razões das minhas funções a minha atenção tem estado mais centrada na transição do minibásquete para o basquetebol, sem nunca perder a perspectiva global, e não apenas regional, que estas alterações implicam. A proposta realizada a semana passada é evidente que não é a única solução. Há outras que eu preferia só que tem custos, pelo que não sei se neste momento serão viáveis.

De todas as soluções, aquela que mais me seduz, caso fosse possível, infelizmente por um conjunto alargado de circunstâncias como por exemplo custos e horário escolar, não creio ser viável. A solução que eu gostaria de ver implementada é a utilizada por muitos países mais pequenos em que a partir dos 12 anos, cada ano é um escalão com a sua competição, Sub-13, Sub-14, Sub-15, Sub-16, Sub-17 etc e os praticantes podem livremente e sem restrições jogar no seu escalão e no imediatamente acima.

Como esta solução, que mais me seduz, e que curiosamente ou não, é adoptada acima de tudo por muitos países de menor dimensão geográfica e com menor número de habitantes não é viável, e como considero que todos os anos deve haver um estímulo forte que leve ao sonho e empenho dos praticantes a alteração que propomos não está isolada de outras medidas. Esta prevê que as Festas de Portimão continuem a ser para os escalões de Sub-14 e Sub-16. Esta solução cria aos jovens que transitam para o basquetebol, e que tem na entrada para um universo mais competitivo a atenção dos clubes, o aliciante de estar presente no ano seguinte em Portimão e um estímulo forte em todos os anos da sua progressão como poderemos ver:

• Sub-12 – Festa do Minibásquete – Para selecções regionais *
• Sub-13 – Competições regionais e nacionais – Para clubes
• Sub-14 – Festa do Basquetebol – Para selecções regionais
• Sub-15 – Competições regionais e nacionais– Para clubes
• Sub-16 – Festa do Basquetebol – Para selecções regionais
• Sub-17 – Competições regionais e nacionais – Para clubes

Nas actuais condições os jovens têm de dois em dois anos dois estímulos fortes e de dois em dois anos não tem estímulos aliciantes.

Se o restrito grupo dos nossos jovens mais talentosos, poderão ir durante três e alguns quatro anos de seguida a Portimão, e paralelamente a esta competição são normalmente decisivos nos seus clubes, quer sejam jogadores de primeiro ou segundo ano do escalão, pelo actual modelo existem largas dezenas ou centenas de jovens que ano sim ano não tem estímulos fortes e sonhos por alcançar.

A proposta de alteração de escalões possibilitaria (ao contrário do modelo actual, em que de dois em dois anos, há um estímulo forte com competições regionais e nacionais para clubes e as Festas de Portimão), que cada geração de praticantes, desde os Sub-12 aos Sub 17 tivesse um estímulo forte. Uma vantagem desta proposta, que infelizmente e nos tempos difíceis que correm não deve ser descurada, é que esta proposta não representa nenhum aumento de custos para a Federação, Associações e Clubes, porque apenas desfasamos nas idades as competições já existentes. Uma vez mais agradeço os comentários e para a semana darei seguimento ao meu raciocínio.