Conforme tinha mencionado no estudo efectuado para o escalão de Sub16, o mesmo estudo iria ser feito para o escalão de Sub18.
Quero desde já salientar que a elaboração dos estudo aos dois escalões, nomeadamente, aos planteis que compõem as selecções das respectivas federações tem como único objectivo demonstrar que até à idade adulta as oportunidades dadas aos miúdos/atletas não são iguais.
Por outro lado, quero deixar bem claro que com certeza nenhum seleccionador antes de convocar um atleta olha para o seu mês de nascimento, deixando a sua decisão ser influenciada por esse factor.
Segue-se então a análise efectuada Campeonato da Europa de 2012 Divisão A e B do escalão de Sub18:
Campeonato Sub16 Divisão A Masculino - Liepaja (LAT), Vilnius (LTU)
No presente Campeonato da Europa de 2012 Divisão A 60 atletas dos 192 que participam nasceram nos meses de Janeiro, Fevereiro ou Março, ou seja, 31,25% do total de atletas. Como um dado adicional 9 atletas nasceram em 1995.
Para os atletas nascidos entre Novembro e Dezembro temos um total de 15 atletas (dos quais 3 atletas nasceram em 1995) o que perfaz 7,81% do total de atletas que se encontram a participar no Campeonato.
Comparativamente com o escalão de Sub16, podemos concluir que há um decréscimo de 4,17% (35,42% - 31,25%) relativos à participação de atletas nascidos entre Janeiro, Fevereiro e Março e por outro lado verifica-se um aumento de 4,16% (7,81% - 3,65%) dos atletas nascidos entre Novembro e Dezembro.
Facto curioso é que se pode afirmar que a variação existente é igual mas em sentido oposto.
Campeonato Europeu de Sub18 Divisão B Masculino - Sarajevo (BIH)
Relativamente ao Campeonato da Europa de 2012 Divisão B dos 264 atletas presentes encontram-se a participar 79 atletas cujo seu mês de nascimento é Janeiro, Fevereiro ou Março, o que significa 29,92% do total de atletas.
Para os atletas nascidos entre Novembro e Dezembro a participação ficou-se pelos 18 atletas o que perfaz 6,82%.
Dos 79 atletas cujo seu mês de nascimento é Janeiro, Fevereiro ou Março, 17 atletas são de segundo ano, ou seja, nasceram em 1995, curiosamente “o mesmo” (-1) número de atletas seleccionados que nasceram em Novembro e Dezembro.
Comparativamente com o escalão de Sub16, podemos concluir que há um decréscimo de 7,78% (37,70% - 29,92%) relativos à participação de atletas nascidos entre Janeiro, Fevereiro e Março e por outro lado verifica-se um amento de 2,85% (6,82% - 3,97%) dos atletas nascidos entre Novembro e Dezembro.
Num universo de 456 atletas que participam nas duas divisões, 139 são atletas nascidos entre os meses de Janeiro, Fevereiro e Março, ou seja, 30,48% e para os meses Novembro e Dezembro participam 33 atletas, ou seja, 7,24%, apesar de existir uma variação no sentido positivo, continuamos a verificar que os números demonstram uma desigualdade muito significativa.
Apresento 3 análises gráficas com os dados obtidos nas duas análises efectuadas.
Distribuição do número de atletas por mês e ano de nascimento:
Distribuição do número de atletas por mês de nascimento:
Conclusão:
Num total de 900 atletas que participaram nos Campeonatos Europeus de Sub16 e Sub18, 302 são atletas nascidos entre os meses de Janeiro, Fevereiro e Março, enquanto participaram apenas 50 atletas, cujos seus meses de nascimento situam-se entre Novembro e Dezembro, o que graficamente significa:
Muitos poderão questionar o porquê deste estudo, pois bem, ele surge através de uma conversa informal com um dos melhores jogadores portugueses de sempre (ainda no activo) que precisamente nasceu no mês de Dezembro e que ao assistir a um treino de uma equipa de formação, confidenciou-me os obstáculos e as dificuldades que lhe foram surgindo ao longo da sua formação.
A titulo de curiosidade o coach Billy Donovan da Universidade da Florida e seleccionador dos Estados Unidos Sub18 tem no seu plantel 9 atletas nascidos entre o meses de Janeiro, Fevereiro e Março e apenas 1 atleta de Novembro.
Será justa a regra implementada pela FIBA? Dá que pensar!!!!
Comentários
Mudar a regra não teria qualquer resultado prático a não ser desviar o problema para jogadores nascidos noutros meses. Neste caso, a solução passa pelos treinadores, nos clubes e federações, criarem campos de observação em separado, durante o ano, bem como providenciar alguma ajuda extra aos mais novos, de modo a que estes tenham as mesmas oportunidades de desenvolvimento .
Os melhores serão sempre os melhores, mas com esta atenção extra, poderá haver alguns bons jogadores que tenham mais oportunidades do que têm vindo a ter.