Depois de ter falado dos horários, da burocracia da inscrições, dos atestados médicos e dos seguros vou novamente, falar do desperdício a que este país se permite ao proibir
que pais e ex-jogadores de basquetebol de forma benévola e voluntária contribuam para a divulgação, crescimento e desenvolvimento do minibásquete.
Sim estou novamente a falar das exigências de possuir o Nível 1 de treinador, para se poder ensinar/treinar minibásquete. Para que fique claro, volto a reafirmar, que longe de mim estar contra a necessidade da formação de técnicos, muito menos contra o excelente trabalho levado a cabo pela ENB na reorganização dos conteúdos do diversos cursos. O que estou a falar é da necessidade de formar animadores e monitores de minibásquete.
Tantos anos que já levo deste universo do minibásquete, permitem-me conhecer muitos exemplos de pessoas que, sem terem o Nível 1, fizeram excelentes trabalhos na captação de jovens praticantes. Desaproveitar o seu empenho gosto e dedicação é um verdadeiro desperdício. Não sou eu que o digo é toda a literatura deste âmbito. Nas fases iniciais, mais importante que ter grandes conhecimentos técnicos é saber lidar e cativar as crianças para o gosto pela prática desportiva, Normalmente quem de forma benévola e voluntária se oferece para ensinar crianças tem essa capacidade, Com as dificuldades existentes devíamos saber quem são e ir à procura dessas pessoas para lhes dar alguma formação. Estou a falar de acções de formação para animadores ou monitores de minibásquete, e da existência de um grau de animador de minibásquete, que os permita trabalhar com crianças.
Quando no âmbito da iniciativa dos 50 anos do minibásquete em Portugal leio depoimentos como o do Vitor Sepodes e oiço muita gente por esse país fora a falar das suas vivências, não deixo de achar curioso, ter sido em tempos o próprio estado através da Direcção Geral dos Desportos a pagar e fomentar a realização de cursos simplificados para animadores e monitores de minibásquete, com o intuito de expandir e divulgar a modalidade, e anos mais tarde, é o estado que não permite que as federações organizem este grau anterior ao grau de treinador, facto que impede o empenho e trabalho de muitos voluntários.
Ao rever a história do minibásquete em Portugal verifico, que para além dos cursos para animadores e monitores de iniciativa do estado, toda a documentação existente era paga e produzida pela Direcção Geral dos Desportos, desde os manuais de monitores para o minibásquete, à publicação de cartazes com os fundamentos, até às regras de minibásquete e manuais para animadores e árbitros tudo era publicado e editado pela Direcção Geral dos Desportos.
Como herdei a biblioteca do Prof. Mário Lemos sei que muito se publicou no final da década de setenta e princípios dos anos oitenta. A partir daí, em termos de publicações para o minibásquete, foi a verdadeira travessia no deserto, que só foi fugazmente interrompida, já no advento da reactivação do CNMB, com a publicação das regras e manual de arbitragem arbitragem do minibásquete, com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa, o cartaz dos fundamentos com o apoio do Queru e a edição, com base nos documentos da acções de formação do CNMB, do Manual de Minibásquete organizado pelo Prof. Nuno Branco e edição da Associação de Basquetebol de São Miguel e Câmara Municipal de Ponta Delgada.
Foram essas acções para animadores e monitores de minibásquete, promovidas pela Direcção Geral dos Desportos, que levaram ao surgimento e emancipação das Associações de Desportos de muitas das Associações Distritais de Basquetebol, que apenas surgiram depois de 1974. Depois do 25 de Abril Portugal experimentou as maiores transformações sociais do século XX. Portugal era antes dessa data um país sem expressão desportiva. Se durante o Estado Novo era a intromissão declarada no Associativismo, que contribuía para o impedimento do desenvolvimento do desporto, actualmente, salvo melhor opinião, são os inúmeros constrangimentos e condicionantes que tem sido introduzidos e que tenho vindo a referir, que dificultam o seu desenvolvimento.
Em breve teremos eleições seja qual for o elenco directivo que tome posse, há uma coisa que na minha opinião vai ter que perceber, do Estado não vai receber mais dinheiro, se ainda não vier a receber menos, Nos tempos que correm não receberemos certamente mais dinheiro, mas como devemos agir com sentido de futuro devemos, falar com as outras modalidades, com a confederação dos desportos e exigir menos constrangimentos, melhores condições e menos burocracia para trabalhar, de outro modo não auguro possibilidades de melhorias para o desporto nacional em geral e para o basquetebol em particular.
Comentários
Relativamente aos pais e ex-jogadores são um dos pilares do minibásquete... se a "lei" os afasta temos que fazer tudo para alterá-la e entretanto minimizar os efeitos.
Ainda sobre o envolvimento dos pais...é o coração do minibásquete...
No Bonjoanenses em Faro já fazemos treinos entre pais e filhos do minibásquete e foi-nos entretanto sugerido pelo pais o interesse em ter treinos de formação para adultos, que nunca jogaram, que querem aumentar as suas performances e ensinar também os filhos....claro que para o ano já iremos ter treinos (formação de eventuais futuros animadores!? ) desses...
Grande Abraço dos Algarves...
Se me deres oportunidade de entrar no teu "5", subscrevo por baixo esta tua importante e oportuna reflexão.
Neste momento coordeno a actividade de cerca de uma dezena de treinadores e tenho na forja alguns voluntários que, relativamente ao Curso de grau I, só o poderiam frequentar em regime pós laboral. Face a algumas dificuldades e constrangimento s estou em crer não ser fácil levá-lo por diante.
Nada melhor, então, do que a possibilidade de frequentarem um curso para animadores e/ou monitores, uma vez que seria exactamente no minibasquete que iria incidir a sua participação.
Não sendo isto possível, quem ficará a perder? Naturalmente que os próprios voluntários, a modalidade e , o mais grave, as crianças.
Uma vez mais, somos realmente um país complicado e esquisito !
Aquele abraço.