Há poucos dias fui nomeado Director Técnico Nacional, algo que me aconteceu sem o ter planeado ou definido como objectivo, tal como nunca pensei que ir “jogar à bola”, com os meus amigos de infância,
para um dos topos do velhinho “Campo da Olivença”, viveiro do meu/nosso “Algés”, viesse a dar no que deu: ser “convocado” para o próximo “treino” de Minibasquete, “no sábado, às quatro”, assim me foi dito. Lembro-me que corria o ano lectivo de 1966/67, por ter sido o primeiro “do Liceu”… Até hoje!
É bem provável que, se o “Mini do Algés” não existisse naquele tempo, a minha vida tivesse sido muito diferente do que foi. Felizmente que existia!
Adorei e, a cada “treino” que passava, crescia em mim o gosto pelo jogo, no fundo o grande objectivo do Minibasquete: que todos os que nele estão envolvidos gostem cada vez mais do Mini e, naturalmente, de Basquetebol e, simultaneamente, aprendam valores de cidadania. A actividade era orientada por jogadores do Clube e todos eles possuíam essa habilidade de, enquanto nos iam ensinando a jogar e a executar as técnicas básicas, nos fazerem sair de cada sessão com mais vontade de continuar e, sem darmos por isso, nos iam educando segundo valores que nos ficaram para a vida!
Dos tempos do Mini, recordo com particular saudade os jogos ao ar livre, com cestos portáteis, sem tabela e assentes numa base de cimento, integrados nos programas de aniversário do “Algés”, no final dos quais recebíamos, cheios de orgulho, a respectiva medalha comemorativa, que todos guardamos com muito carinho.
E também a participação nos Convívios, no Pavilhão da Ajuda, ao sábado à tarde, organizados pelo saudoso Professor Mário Lemos, uma verdadeira festa! Para a qual saía do Liceu de Oeiras, acompanhado pelo meu grande amigo da altura (e, felizmente, de agora), o “Fakika”, que era meu “adversário”. Jogava no “Naubérrio”, Clube fundado pelo Professor Mário Lemos, para que os miúdos do Restelo, onde residia, também pudessem participar no Minibasquete.
Aos 15 anos, jogava nos Juvenis, tornei-me Animador de Minibasquete e espero ter conseguido transmitir aos “meus miúdos” o mesmo gosto pelo jogo e o respeito pelos valores que antes me haviam ensinado.
A partir da experiência do Minibasquete, veio, de forma natural, tudo o mais: alguns anos de jogador (de fraca qualidade) e quase quarenta (desde 1975) de treinador.
Hoje cá estou, profundamente grato ao Basquetebol e ao Minibasquete!
Espero, no desempenho das minhas novas funções, ser capaz de retribuir o muito que tenho recebido e contribuir para a expansão do Minibasquete, numa perspectiva de inclusão, festa e transmissão de valores, de forma a fazer de cada minibasquetista um bom cidadão e que fique com o gosto pelo Basquetebol. Se der em jogador… Melhor!
Mário Gomes
Treinador de Basquetebol, Director Técnico Nacional
Comentários
Todos os depoimentos até agora publicados foram alvo da minha atenção e para todos teria uma palavra a dizer. Contudo este mexeu muito comigo por falar de muitas recordações que me são muito gratas, nomeadamente, do meu ainda hoje em dia amigo e vizinho Fakika e da Naubérrio, clube informal de rua criado pelo Prof. Mário Lemos na linha dos "clubes" que participavam nos torneios Coca Cola e Milo em Moçambique.
Infelizmente hoje em dia por entraves legislativos não é possivel criar um "clube" como a Naubérrio, onde com jovem monitor de MB dei os meus primeiros passos na trajectória de treinador.
Só por curiosidade o clube chamava-se Naubérrio por que a Bérrio era uma nau da esquadra do Vasco da Gama,comandada pelo Nicolau Coelho, nome da rua onde o clube em torno de uma tabela de quintal surgiu.
Um abraço