O título do artigo desta semana direciona a reflexão para a necessidade de todos quantos estão relacionados com o desenvolvimento do Basquetebol se unirem e, em ambiente de debate,
expressarem as suas opiniões, as suas preocupações e dificuldades no exercício das suas funções. É de um momento onde se reflecte, melhora e prepara o contexto de preparação e competição de equipas de Basquetebol que falamos.
Particularmente o Treinador, enquanto agente de mudança, responsável por melhorar a realidade ou o contexto onde exerce funções, deverá, em momento próprio ter a capacidade de ser líder de opinião, contribuindo para melhorar a realidade onde vai atuar.
A iniciativa recente da Equipa Técnica Nacional, na figura do Diretor Técnico Nacional – Mário Gomes, em percorrer o país ouvindo os treinadores é um sinal positivo e construtivo de que urge despertar os treinadores para que cooperem e colaborem na melhoria do processo de desenvolvimento da modalidade. Desta forma, embora estejamos em pleno período competitivo, urge realizarmos um exercício intelectualmente envolvente e participativo, onde o contributo de todos pode ajudar a inverter, lentamente e pacientemente, o período difícil que a modalidade atravessa.
Neste ambiente de debate, naturalmente há um envolvimento maior das pessoas quando toca a abordar os quadros competitivos, quer seja de seniores, quer principalmente os que se referem aos escalões de formação. É principalmente sobre as competições jovens que deveremos pensar de forma estruturada não saltando etapas que sustentem qualquer proposta apresentada e aprovada em sede própria.
Assim, parece-me importante cumprir 4 etapas fundamentais quando pensamos ou avaliamos qualquer quadro competitivo.
1ª Etapa – De que realidade estamos a falar?
2ª Etapa – O que queremos com as competições de jovens?
3ª Etapa – Que formato de competição?
4ª Etapa – Calendarização
A 3ª e 4ª etapa serão as mais fáceis de resolver, uma vez que decorrerão da capacidade de conseguirmos dar resposta às questões levantadas nas etapas anteriores. Estas, carecem de uma análise e recolha de contributos e da simplificação de princípios que sustentem e norteiem as competições distritais, regionais e nacionais dos vários escalões de formação.
Para que o nosso contributo possa ser positivo e enriquecedor deverá existir uma honestidade intelectual capaz de nos colocar o pensamento dirigido para uma visão global e não para o que diretamente nos poderá ser vantajoso naquele momento. Antes de pensarmos em competir, temos de cooperar para melhorar a realidade onde se desenrolará a competição. Pensar nas competições jovens é, primeiro lugar introduzir conceitos e ideias diferentes das que constituirão motivo de reflexão de uma competição de seniores, ou rendimento se assim podermos melhor precisar.
Ensinar o jogo, ensinar a treinar, treinar para aprender o jogo, treinar para competir e treinar para ganhar, constituem etapas de um percurso formativo, moroso e raramente linear. Daí que pensar nos quadros competitivos constitui um dos vários aspetos importantes da formação de jogadores mas não o único.
Terminaria esta reflexão deixando um contributo, elaborado pelo companheiro José Miranda em 2010, aquando da realização do 1º Fórum das Competições AB Leiria, e que não é mais do que um conjunto de princípios que poderá nortear a conceção dos quadros competitivos, sejam eles distritais, regionais ou nacionais.
- Volume elevado de jogos;
- Condições de equilíbrio entre as equipas;
- Quadros competitivos curtos mas durante toda a época;
- Variedade de quadros competitivos (tipo e natureza);
- Pequenas pausas entre competições para consolidar aprendizagens;
- Tentar não eliminar os derrotados;
- De preferência competições regionais e inter-regionais (tendo em consideração a proximidade geográfica);
- Controlo de despesas referentes às diferentes provas;
- Atribuição de prémios a todos os participantes.
Comentários
Oportuna e com pleno sentido esta reflexão "Cooperar antes de competir".
Quase diria que reflexão a constituir um tónico especial e suplementar, face a algumas inquietações que se vão observando em redor e por dentro do "período difícil que a modalidade atravessa".
De acordo com a sugestão das 4 etapas, a considerar na análise séria e empenhada a "quando pensamos ou avaliamos qualquer quadro competitivo",a que acrescentaria uma alínea entre a 2ª e a 3ª etapas : "Com que modelo de jogo?".
Recorde-se que "Modelo de Jogo" foi tema do Clinic da Festa do Basquetebol da época passada.
Valerá por equacionar: daí para cá evoluímos nalgum sentido? Foram cumpridos alguns dos desafios lançados? Recolhemos dados para termos efeitos comparativos no período Julho/2014-Julho/2015?
Acreditamos que Mário Gomes e a sua equipa terão, neste aspecto, uma PALAVRA a dizer !
Aquele abraço, João.