Desde há muito que temos vindo a manifestar a nossa preocupação quanto ao futuro do basquetebol, circunstância que se reflecte nas notas que temos vindo a publicar no Planeta Basket ou no Facebook. Fazem-se diagnósticos,
raramente se avançam as soluções e não conheço plano estratégico de longo prazo que aponte os caminhos a seguir e a forma de alcançar os objectivos propostos.
Nas redes sociais discutem-se agora (nem tudo é mau) temas que, pela sua importância, merecem a máxima atenção.
Ressalvo aqueles que emocionalmente me seduzem e mais rapidamente podem alavancar o progresso da modalidade – a formação de jovens treinadores e o ensino da modalidade na sua fase inicial.
Como já referimos em notas anteriores pensamos ser necessário reformular algumas das matérias dadas no grau I, nomeadamente nas áreas pedagógicas e metodológicas assim como legislar no sentido de que os treinadores de Grau 1. Não possam assumir em período de estágio a responsabilidade total da condução do treino e desenvolvimento de jovens praticantes sem a supervisão real de tutores verdadeiramente responsáveis pela sua orientação.
O treinador jovem pode dominar os conhecimentos básicos da modalidade, mas não tem a experiência prática suficiente para orientar a actividade dos praticantes na fase inicial.
Sendo assim, nesta fase e no exercício das suas funções é fundamental a supervisão e o aconselhamento do tutor; o estágio é o momento mais relevante de aprendizagem e aquisição das competências necessárias.
Para qualquer treinador ter sucesso é fundamental que domine um conjunto de competências que lhe permita ter uma correcta intervenção pedagógica, seja capaz de por em prática um adequado estilo de liderança e ter a capacidade de elogiar ou repreender com critério.
Uma boa comunicação é vital para permitir o processamento da informação transmitida assim como para reduzir o stress e ansiedade que a competição provoca.
Atender também à quantidade e qualidade da mensagem que se transmite. Toda a informação deve ser clara, simples e sucinta. Para os atletas mais jovens os discursos prolongados afectam a sua capacidade de absorção e de reflexão.
A intervenção do treinador nas idades mais jovens vai muito para além do ensino técnico táctico da modalidade, requer competências que se aplicam a outros domínios da vida humana.
Parece-nos pois decisivo que a formação de treinadores encontre formas de articular o ensino teórico com a prática e que os novos formandos sejam capazes de usar os melhores métodos relativos ao como ensinar, o que ensinar, quando e a quem ensinar.
E, com a devida vénia, termino com um excelente excerto de um texto do prof. Olímpio Coelho: “A importância da Pedagogia aplicada em contexto desportivo decorre, portanto, do facto desta estabelecer as condições para agir sobre a representação social do desporto com o objectivo de alterar crenças e atitudes por forma a induzir as necessárias correcções nos modelos de preparação, competição e intervenção em particular no desporto infanto-juvenil. Contribui assim, de forma decisiva, para uma maior adesão, um menor abandono e um maior progresso qualitativo, pelo que assume um papel determinante na formação dos treinadores de Grau I e II.”