A propósito da polémica em curso acerca das palavras que Nelson Évora dirigiu a Pedro Pichardo. Somos todos seres humanos, sensíveis, cuja sensibilidade não nos “acontece” sentido a sentido, mas sim de forma espontânea e conjunta.

Um dos exemplos mais frequentes tem a ver com a visualização de um filme onde imagem e música em conjunto nos transmitem sensações imediatamente desaparecidas se acaso a música de fundo desaparece. Sempre que a música desaparece, a imagem parece mais lenta, menos interessante, afinal, menos emocionante. Logo, o sentido da audição tem na visualização das cenas do filme um efeito complementar, enriquecedor. Tal como o gosto de uma boa refeição, nos disponibiliza para os outros de uma forma surpreendente. Ou seja, quanto melhor “comidos e bebidos”, mais preocupados com os outros… como se a empatia dependesse do que “comemos à mesa”. Mas depende (e muito!) das emoções que a “boa” comida nos provoca.

Como diz Merleau-Ponty, estamos sempre sob o efeito de um arco intencional que tem como base a unificação dos sentidos e da inteligência, tal como da motricidade, que nos permite a consciência corporal acerca de tudo o que nos envolve em cada momento.

Este arco intencional congrega em cada um de nós em cada momento, o nosso passado, o nosso futuro, o meio em que nos encontramos, as nossas ideologias, a nossa moral, unindo assim a nossa sensibilidade e motricidade.

Por isso mesmo, cada vez que cada um de nós percebe o que o envolve, porque sofremos diversas influências e misturámos entretanto subjetivamente o individual e o cultural com que cada um conviveu… temos opiniões diferentes… que nos “acontecem” e manifestamos em determinados momentos, sem qualquer controlo racional. Exceto aquele que eventualmente treinámos previamente a nível educacional ou profissional.

Conclusão? Treino comportamental precisa-se!