Muita coisa mudou para melhor desde que, em boa hora em 2007, a Federação resolveu organizar este grandioso evento. As transmissões pela FPB/TV e a estatística em todos os jogos são dois excelentes exemplos dessa melhoria. A Festa do Basquetebol Juvenil é indubitavelmente um evento que merece todos os elogios.
Há de haver sempre questões a melhorar. Contudo a perfeição não existe. A perfeição é tentar fazer cada vez melhor e essa preocupação é, por múltiplas razões, evidente. Está de parabéns a Federação.
Uma das alterações, introduzida este ano, foi a forma de disputa das finais. A primeira edição do evento realizou-se em Portimão, e desse tempo tenho saudades das 4 finais em simultâneo. Era um verdadeiro momento de confraternização e convívio entre todos, era realmente um momento de festa. Quando este evento teve de passar a realizar-se em Albufeira, uma cidade que vive intensamente o basquetebol, esta possibilidade deixou de existir, mas a modalidade tem de estar eternamente agradecida a este concelho, que em tempos incertos, passou a acolher este evento. E o que é que mudou em termos de resultados das Associações passados estes anos?
No meu último artigo abordei as Festas numa perspetiva do seu alcance geográfico, hoje decidi olhar para os resultados e verificar o que é que mudou desde a primeira edição. Para tal, elaborei um quadro comparativo, entre os resultados de 2007 e 2023. O ano passado foi Lisboa que marcou presença nas quatro finais, das quais perdeu uma, a dos Sub-14 femininos. Este ano a Associação de Basquetebol do Porto conseguiu um facto inédito, que penso ser difícil repetir. Alcançou os quatro primeiros lugares. Não é possível fazer melhor. A AB Porto, todos os jogadores e jogadoras e a equipa técnica excelentemente liderada pelo Paulo Neta estão efetivamente de parabéns.
O resultado desse quadro é o seguinte:
* Desempate pela melhor classificação
+ Atribuição de 18 pontos
À primeira vista ressalta o facto do fantástico progresso do Algarve, que neste momento, por múltiplos indicadores, nomeadamente o número de clubes nas ligas feminina e masculina, a seguir a Aveiro, Lisboa e Porto é, salvo melhor opinião, em termos de expressão da modalidade a quarta região do país, ultrapassando Coimbra e Setúbal.
Pela negativa ressalta o facto de passados 16 anos ainda existirem Associações que não conseguem reunir as quatro seleções. Em 2007 foi Bragança e em 2023 a Guarda.
Embora não esteja visível, ao elaborar este quadro também verifiquei mais dois factos. Nunca em edições anteriores à pandemia Porto e Lisboa dominaram quase por completo a presença nas finais. Das oito possibilidades, que há para estar presente nas finais, quer o ano passado, quer este ano Lisboa e Porto ocuparam 7 vagas, sendo o intruso sempre Aveiro. Uma supremacia que nos deve fazer pensar. Finalmente também verifiquei que pela primeira vez na história do evento Setúbal não conseguiu nenhum lugar no pódio.
A Festa é um evento extraordinário e é o sonho de milhares de jovens praticantes. Contudo, há um dado que a modalidade deve estar atenta. Na transição dos Sub-16 para os Sub-18 há uma diminuição de praticantes. Pensando nesta realidade e numa interessante mensagem, que um pai me enviou após a publicação do meu artigo "Perceção, realidade e abandono", deixo um alerta: a federação, associações e clubes têm de criar condições e estímulos, para que a realização do sonho de estar nas Festas, nomeadamente para os Sub-16, não seja a etapa final da sua ligação à modalidade.
P.S. Finalmente faço um apelo à Federação para completarem no site, nos históricos, as classificações das Festas. Para além deste ano que é natural, que ainda não haja actualização, nos masculinos estão em falta os resultados da época 2021/22 e nos femininos os resultados das épocas 2019/20 e 2021/22.