"Pelo "grito de alerta", pela persistência pedagógica de há muito evidenciada, obrigado San Payo."
Humberto Gomes
Já não é a primeira vez que abordo este tema e não será, dada a minha persistência pedagógica referida pelo companheiro Humberto Gomes, certamente a última vez. Para quem quiser observar facilmente compreende, que as diferenças do ponto de vista físico, motor e mental no minibásquete, ao englobar três escalões Mini-8, Mini-10 e Mini-12 são muito maiores que as mesmas diferenças entre os três escalões da formação Sub-14, Sub-16 e Sub-18. Em ambos os casos estamos a falar de um período temporal de 3 escalões, mas as diferenças são muito maiores nos três escalões do minibásquete do que nos 3 escalões de formação subsequentes.
A título de um simples exemplo, sei de experiência própria, que no escalão de Mini-8, que corresponde em termos escolares ao 1º e 2º ano, normalmente são poucas as crianças do 1º ano que tem facilidade em encestar nos cestos a 2,60. O salto qualitativo do ponto de vista motor para o 2º ano é enorme, pois neste ano já são poucas as crianças que do ponto de vista motor, nomeadamente por um aumento da força, tem dificuldade em conseguir encestar. Mas tudo cabe dentro do chapéu do minibásquete, desde crianças que nem sequer tem força para encestar até a crianças dos Mini-12, que algumas, poucas, mas cada vez mais frequente pelo que tenho observado em Paços de Ferreira já conseguem afundar nos cestos destinados ao minibásquete (2,60). Quando falamos de minibásquete temos de ter sempre muito cuidado de que realidade estamos a falar.
O ano está a acabar, mas na senda da minha vida de reformado desde que saí da Madeira, as solicitações não param para 2024 já tenho muitos convites para continuar a fazer algo que me dá muito prazer, estar com amigos, dar treinos a crianças e transmitir um pouco da minha experiência aos treinadores mais novos. No dia 8 de janeiro a convite do amigo José Tavares vou participar no CNN no clinic da AB de Lisboa. No dia 12 de janeiro por sugestão do Rui Vasco Silva vou matar saudades e vou colaborar no treino das Mini-12 femininas do Belenenses.
A 13 de Janeiro a convite do amigo Jorge Faustino coordenador e treinador do GDMAM vou ao Algueirão para uma conversa com os treinadores de mini do clube e dar um treino aos minis. De 27 de janeiro a 11 de março a convite do Zé Correia treinador do AD Galomar e da Gilda Alves do CAB volto à Madeira, onde no dia 28 vou participar no clinic da ABM e desenvolver uma série de atividades no Galomar e no CAB. De regresso da Madeira vou a convite da Ana Montepegado dirigente do Elétrico de Ponte Sor onde estarei de 21 a 24 de fevereiro. Tudo isto entremeado com as minhas frequentes visitas ao Basket Santo André sempre que estou na minha casa em Melides.
Nestas ações vou maioritariamente trabalhar com o escalão de Mini-12. Contudo, porque minibásquete é um conceito perigoso se fosse essencialmente estar com o escalão de mini-8 as minhas preocupações incidiriam sobre as proposta e ideias do “Manual Mini-Basketball FIBA” da World Association of Basketball Coaches, leitura que pela sua clareza e simplicidade, vivamente aconselho a todos os treinadores de minibásquete. Aqui vai a tradução de algumas ideias do manual e destinadas ao escalão, seguramente o mais esquecido da modalidade, os Mini-8:
“Coaching 5-7 Year-Olds” (Página 3)
Aos 5 e 7 anos de idade, as capacidades sensório-perceptivas das crianças não estão em grande parte refinadas. Padrões de movimento fundamentais, como saltar, mudar de direção e correr, precisam ser desenvolvidos através de jogos com o corpo e, muitas vezes, com material e equipamentos diferentes. (…) Quanto mais ações e movimentos forem introduzidos, mais as habilidades motoras das crianças melhorarão. Os jogos devem ser apresentados de modo simples, fazendo perguntas aos jogadores como “vamos ver quem consegue tocar em mais jogadores?” Os jogos não precisam replicar o jogo de basquete e muitos jogos divertidos (que ajudarão a desenvolver habilidades como mudar de direção) podem não envolver bolas de basquete ou os cestos. A prática deve ser realizada de forma tranquila e descontraída, sendo a segurança uma preocupação primordial. As crianças devem fazer as suas próprias descobertas “guiadas”, em vez de serem “adestradas” de forma repetitiva ou monótona. A música ajuda muito e pode facilitar a aprendizagem. Embora possa haver “vencedores” nas atividades, o foco geral não deve ser vencer, mas sim divertir-se e desenvolver novas competências. “Sucesso” deve ser definido como ser capaz de fazer algo que não conseguia fazer antes! O ensino analítico dos fundamentos do basquete deve ser evitado a todo custo nestas idades, o foco deve estar em jogos que envolvam habilidades como:
- Correr
- Saltar
- Mudar de direções
- Atirar, passar, agarrar e receber...