Em breve vou voltar à Madeira a convite do amigo José Correia do Galomar. Vão ser duas semanas para rever muitos dos meus amigos na Madeira. Por falar em amigos é com todo o gosto que tenho aceitado convites para fazer algo que me dá muito prazer,
transmitir um pouco da minha experiência. Assim a convite do José Tavares intervim Clinic da ABL realizado no CNN, a convite do Rui Vasco estive no Belenenses, a convite do Jorge Faustino, passei a manhã inteira de sábado no GDMAN e finalmente a convite do Fernando Lemos tive uma experiência enriquecedora e para mim inovadora, que foi dar um treino sobre lançamento à equipa de basquete de cadeira de rodas do Alcoitão. Em todas as ações estive com velhos e mais recentes amigos e contactei com treinadores que não conhecia.
Eu gosto de sair da minha área de conforto, gosto que me ponham a pensar e mais do que pensar em basquetebol, gosto de desafios que me ponham a pensar no que é a vida. Na minha longa experiência e na minha última passagem pelo Belenenses, pude observar atividades desportivas para invisuais, que treinavam todos os sábados de manhã a seguir ao meu treino de Minis, das 09.00 às 10.30 no pavilhão da Casa Pia. Também na Casa Pia fui convidado a fazer uma ação de divulgação da modalidade para as crianças surdas mudas do Instituto Jacob Rodrigues Pereira. Todas estas situações são experiências únicas, das quais podemos tirar ensinamentos para a forma de ensinar e acima de tudo ensinamentos para a vida. Porque, como eu transmiti aos jogadores do Alcoitão, tudo na vida cabe no difícil e se conseguimos encontrar soluções para o difícil tudo se torna mais fácil na vida.
Se a captação é algo que preocupa quem está no minbásquete, imaginem a dificuldade no setor de cadeira de rodas da nossa modalidade. Na apresentação dos dez jogadores presentes percebi que o Maia, jogador da nossa seleção nacional de cadeira de rodas, e o capitão da equipa tinha um papel decisivo, pois vários dos jogadores presentes tinham sido influenciados para a prática pelo Maia. Isto fez-me pensar, que se calhar deveríamos valorizar de alguma forma as crianças, que sabemos que tem mais capacidades de influenciar os seus amigos para a prática do minibásquete.
Foi um gosto verificar a atenção que os dez jogadores presentes no treino deram às minhas indicações e às pequenas sugestões que dei para melhorarem a eficácia dos seus lançamentos. A forma alegre e bem-disposta como decorreu o treino fez-me lembrar uma pequena estória duma menina, hoje já senhora e mãe, mas que em criança estava institucionalizada, e que aos fins de semana era acolhida pela minha mulher. Aos fins de semana ela brincava com o meu enteado, que por qualquer motivo irrelevante, mas normal nas crianças, começou a fazer uma birra e a chorar. Foi então que a menina de seis sete anos se voltou para o meu enteado e lhe disse: - Olha lá eu estou institucionalizada, a minha mãe já morreu, o meu pai está preso por vender droga e eu não choro, para que é que estás a chorar?
Está tudo bem na nossa modalidade? Não, não está. Podia estar melhor? Claro que poderia. Podemos criticar? Podemos e devemos, embora devemos ter a clareza e lucidez de perceber o que são críticas pertinentes, ou melhor ainda que apontam para soluções, do que, o que são críticas infundadas ou pior ainda, limitam-se a ser ressabiamentos ou maledicência.
Sem perder o meu sentido crítico, subscrevo a irónica mensagem do companheiro Rui Gomes publicada no fb, que pode ler em anexo. Não é falando sistematicamente mal do basquetebol, que poderemos promover a modalidade.