Desde muito jovem que o meu pai me ensinou que para compreender o significado duma palavra facilitava conhecer a sua origem, a sua etimologia. Deu-me como exemplo a palavra filosofia, que vinha do grego philos – amizade e sophia – sabedoria, logo o significado de filósofo era alguém que era amigo da sabedoria.
Ao longo dos tempos fui conhecendo várias metodologias para fazer o aquecimento para o jogo de basquetebol, metodologias essas que rapidamente se transformavam em modas quase que obrigatórias, ou que, quem as não seguia era considerado ultrapassado. Não me vou alongar aqui sobre as várias metodologias, que fui conhecendo ao longo de mais de cinquenta anos ligado ao basquetebol. A palavra metodologia também originária do grego é composta pela palavra "methodes" (caminho que permite chegar a um fim) e "logia" estudo.
Estimulado muito cedo a pensar pela minha cabeça, embora atento ao que de inovador e positivo tem novas metodologias, nunca fui muito de aceitar as modas como verdades absolutas. Eu não sigo nenhuma metodologia, como verdade absoluta para se chegar a um fim, eu aprendo com todas. Em todas elas consigo encontrar vantagens e desvantagens. Para mim o segredo está, em função do fim a que quero chegar, em função do número de praticantes, em função das suas capacidades, em função das condições para ensinar, espaços e material, etc, tento encontrar o melhor caminho, ou por outras palavras o melhor método. No minibásquete há uma coisa que para mim não tenho dúvidas, qualquer que seja o método que eu recorra, mais lúdico, mais partindo do jogo, com menos ou com mais exercícios de carácter competitivo, ou mesmo mais analítico, no final da sessão, as crianças têm de ter tido durante a sessão um tempo de execução motora elevada e sentir prazer no que estiveram a fazer e a aprender.
Atualmente há duas palavras que assustam muitas pessoas, para umas a palavra brincar e para outras a palavra analítico. A mim nenhum destes conceitos me assusta e pergunto: As ditas brincadeiras podem ou não ser realizadas com rigor e exigência, nomeadamente, entre outras aprendizagens a compreensão e cumprimento de regras. Dizemos que as crianças têm falta de rua, mas como é que elas quando tinham a possibilidade de ir para rua para jogarem, para brincarem se organizavam, como é que socializavam, com regras ou sem regras? E não será que se tiverem a possibilidade de ir para a rua não se continuam a organizar da mesma forma?
As formas analíticas, com correções ajudam ou não há superação, ao ser capaz de fazer, por exemplo, um lançamento na passada, passando a bola por de trás das costas antes do ato de lançar. Estas ações técnicas aumentam ou não as capacidades coordenativas? O já ser capaz de fazer é ou não uma das maneiras de sentir prazer e sair feliz do treino porque já foi capaz de fazer? As formas analíticas podem ou não ajudar a esse prazer com que uma criança sai do treino.
É verdade que atualmente recorro mais ao princípio em que são as circunstâncias do exercício, seja ele mais ou menos lúdico, que levam as crianças a aprenderem o que eu quero ensinar, do que a situações analíticas. Contudo estas também podem ser construídas de forma lúdica e competitiva. Saber para cada situação, e em função dos objetivos utilizar os diversos métodos no momento certo, e na medida certa, exige muita experiência. O que nunca devemos fazer é usar métodos em função dos nossos interesses, dos nossos objetivos, ou para resolver as nossas dificuldades e os nossos problemas, mas sempre para ensinar e desenvolver as crianças, e reforço desenvolver, todas as crianças.