Na vida, como no minibásquete, as coisas nunca são preto ou branco. Contudo, há princípios nos quais não há grandes alternativas, ou acreditamos, que o processo de formação para além de ensinar a jogar deve ser portador de valores,
ou não achamos que isso seja assim tão importante.
Cansado de ouvir discursos correctos, dou muito mais valor às acções do que às palavras. O que me interessa ouvir um treinador dizer que o minibásquete deve ser uma escola de valores, para logo de seguida ver numa acção tão simples como uma bola fora, o mesmo treinador pressionar o jovem, que normalmente nem árbitro é, para dar a bola à sua equipa, dizendo para dentro de campo, a bola é nossa, quando viu claramente que o último jogador a tocar na bola era da sua equipa.
O que me interessa ouvir um treinador dizer, que o minibásquete deve ser uma escola de valores, quando de seguida vê um seu jogador insultar ou empurrar um adversário e entra em campo em defesa do seu praticante. O que me interessa ouvir o treinador dizer, que o minibásquete deve promover a empatia entre os praticantes e logo de seguida duvidar da palavra duma criança chorosa, que foi objectivamente insultada, pondo em causa a sua palavra.
Quantos são os treinadores, que aberta ou veladamente criticam comportamentos dos seus pares, para de seguida serem capazes de em situações semelhantes fazerem bem pior.Quantos são os treinadores, que sinceramente acreditam nos valores educativos da actividade desportiva, e que desgastados com atitudes incorrectas desabafam afirmando: “ Eu já não tenho paciência, não sou obrigado a ter de aceitar estes comportamentos e desistem de querer ensinar?
Cada vez mais acredito, que o que nós fazemos, os exemplos que damos, fala bem mais alto do que aquilo que nós dizemos. Conheço treinadores que ensinam bem a jogar, mas que em função dos resultados subalternizam os valores. Conheço treinadores que não são tão competentes a ensinar o jogo, mas tem enorme capacidade de transmitir valores. Conheço treinadores que nem competentes são, nem transmitem valores. Finalmente, conheço treinadores que são competentes e tem a capacidade de transformarem, através dos seus exemplos os seus praticantes em melhores pessoas.
Como costumo dizer, ninguém passa pela vida duma criança sem deixar uma marca, a principal responsabilidade de um treinador de formação é que esta seja uma marca positiva. Umas mais cedo, outras mais tarde, todas as crianças depois de crescerem deixarão de jogar basquetebol, mas todas se recordarão das marcas positivas ou negativas, que os treinadores lhes deixaram.
Comentários
Numa sua deslocação ao Algarve (onde por opção familiar, vou continuando a estar !), encontrei-me com o Ivan, e combinámos que já era tempo de terminar as férias sabáticas - grato pela compreensão, Ivan - e voltar "ao jogo". Estimulado, agora, com este teu "Deixar marcas positivas", irei regressar 5ª f, 29, e quinzenalmente, com um título base : "Dizer e/ou Fazer ?!". Será, neste início de Primavera, a melhor maneira de continuar a pagar a minha dívida para com o Basket e até existirem pilhas... (neurónios) saudáveis !